Quem estiver de passagem por Barcelona, vale dar aquela escapadinha da cidade para realizar um passeio borbulhante nos arredores. No caso, o destino seria a pequena Sant Sadurní d'Anoia (de 13 mil habitantes), cerca de 40 km da capital catalã, que é a sede da vinícola Freixenet - uma das principais produtoras de espumantes do mundo.
Na sede da empresa espanhola, há a casa-museu conhecida como "La Freixeneda", onde a marca nasceu em 1911. A fachada chama atenção por sua arquitetura modernista e mediterrânea. No pátio em frente à entrada, dois automóveis chamam atenção: um carro de corrida preto em forma de espumante, que é reprodução de um carro construído em 1929, e um Chrysler Windsor Deluxe, de 1954. Ao lado da porta principal, funciona um bar que serve tapas e, como não poderia deixar de ser, cavas.
Aliás, vale um destaque: a Freixenet é conhecida por sua cava, que é um espumante elaborado nas comunidades espanholas - em especial, na Catalunha - com algumas especificidades nas uvas utilizadas e em seu processo de fermentação. É como se fosse o champagne da Espanha.
Ao entrar na parte equivalente ao museu, o visitante irá se deparar com produtos, anúncios, prêmios e fotos que contam a história da Freixenet. A visita guiada costuma durar uma hora e meia e tem início com um vídeo de apresentação da marca. Então, o público é levado para as caves, que ficam a 20 metros abaixo do solo.
A escadaria que conduz para os caves fica em um túnel, e a visão dali é positivamente assombrosa. Parece um filme de terror, mas a partir dali o que se vê é todo o processo de produção da cava (solo, uvas, fermentação). Há garrafas e barris armazenados em ambientes escuros e cavernosos, além de aparelhos antigos utilizados na fabricação da bebida. Na visita guiada, também se aprende a história por trás de cada evolução do produto.
Antes da pandemia, havia um passeio complementar de automóvel (uma espécie de "trenzinho") na parte mais moderna da empresa, com seus tanques, pallets e maquinários no subterrâneo. É uma área vasta e labiríntica, o que torna a experiência similar a um "túnel do terror", porém sem sustos e com uma conclusão enriquecedora. Infelizmente, esse passeio só tem ocorrido com visitas estratégicas, porém há um plano para que seja eventualmente retomada.
No final da visita, há degustação de cavas Freixenet. Nada mais justo e merecido que um brinde.
Da Espanha para o mundo
Segundo Xavier Flores, Relações Públicas da Freixenet, a visita de brasileiros têm crescido nos últimos dois anos, o que talvez seja um reflexo da expansão da marca pelo país.
Mas tudo começou em 1861, quando a família Sala iniciou um empreendimento de produção e exportação de vinhos. No começo do século 20, Dolores Sala casou-se com Pedro Ferrer. Com a união dos dois, nasceria a marca Freixenet.
Com o passar dos anos, a cava se consolidaria como um produto standard na Espanha, mas também avançaria as fronteiras. Duas cavas foram importantes nesse processo: Carta Nevada, de 1941, e Cordón Negro, de 1974. Hoje, a empresa é abastecida com a produção de mais de 2 mil viticultores da região, além das uvas produzidas nos próprios vinhedos. Trata-se de uma das maiores produtoras de Cavas do mundo.
Em 2018, a Freixenet e a alemã Henkell se fundiram, tornando-se a Henkell Freixenet. Segundo o grupo, um em cada 10 espumantes vendidos no mundo é da Henkel Freixenet. Já no Brasil, a cada três espumantes importados consumidos, um é Freixenet.
Uma pesquisa realizada pela Ideal Consulting, especializada no segmento, aponta que as vendas de vinhos espumantes importados e nacionais do grupo no Brasil tiveram aumento de 32% em 2022 comparado ao ano anterior. Nesse cenário, o Rio Grande do Sul é um mercado estratégico.
De acordo com informações de Fabiano Ruiz, diretor executivo da Henkell Freixenet no Brasil, o Estado é o segundo maior mercado brasileiro para a marca espanhola, representando 28% do negócio da empresa no país. Ruiz destaca também que há uma percepção de que o gaúcho tem o hábito de consumir espumante.
— Já cansei de ver numa segunda-feira, na Padre Chagas, mesas de espumantes por todos os lados. Isso me chamou atenção, pois isso não vejo em São Paulo e olha o tamanho da cidade que é. Percebemos um consumo mais regular no RS, no dia a dia - aponta o diretor executivo.
Visita guiada
A visita deve ser previamente reservada pelo site freixenet.es. A tour pode ser guiada por quatro idiomas (catalão, espanhol, inglês e francês), conforme a disponibilidade. Os preços variam conforme a idade. Confira:
Adulto: 16,50 euros.
Menores de nove a 17 anos: 11,50 euros.
Menores de zero a oito anos: gratuito.
Aposentados, famílias numerosas e pessoas com diversidade funcional: 14,20 euros
Horário: todos os dias da semana, conforme disponibilidade. É imprescindível a reserva prévia.
* O repórter viajou a convite da Freixenet Brasil