O planejamento das férias de 28 dias pela Europa começou cedo. Em junho passado, foram compradas as passagens. A partir daí, foi desenhado o roteiro das cidades que seriam visitadas e ficou decidido que, assim que desembarcassem em Lisboa, em 2 de maio, conheceriam cidades portuguesas, espanholas e francesas com o carro que seria alugado ainda no aeroporto da capital de Portugal. O empresário Gerson Bernardes, 58 anos, e sua esposa, a funcionário pública federal, Nilza Bernardes, 57, ambos de Porto Alegre, são dois aventureiros que gostam de pegar a estrada para descobrir novos lugares e revistar aqueles que gostam. Mas havia um vírus no meio do caminho.
Com o agravamento da pandemia, o fechamento das fronteiras europeias (anunciado em meados de março) e a prorrogação dessa medida de proteção, o casal deu adeus ao plano de visitar Lisboa, Sevilha, Madri, Barcelona, Santiago de Compostela, Nice e Mônaco, entre outras localidades. A viagem também seria o momento de Gerson visitar a filha, Maitê Bernardes, 22 anos, que estuda Medicina na Universidade de Algarve, localizada em Faro, Portugal.
— Foi frustrante. Como ela não pode nos visitar em 2019, planejamos nossa ida em 2020. Além disso, haveria a formatura dela na primeira parte da faculdade. Agora, tudo foi cancelado. Nossa viagem e a cerimônia na universidade, só nos resta esperar. Talvez, em maio de 2021, se tudo estiver bem, a gente vá — diz o empresário.
Show
Quando o analista de planejamento João Pedro Brasbie, 26 anos, soube que seus melhores amigos se mudariam para Lisboa, no final do ano passado, ele começou a se preparar para embarcar em meados de abril para a capital portuguesa e passar 25 dias na Europa. A viagem ganhou um gosto especial quando a girl band norte-americana Pussycat Dolls, que havia encerrado as atividades há 10 anos, anunciou um show comemorativo em Manchester, na Inglaterra, para o mesmo período.
— Eu sou muito, muito fã. Comprei o ingresso para o show, mas também o pacote para as conhecer no camarim. Também iria aproveitar para visitar Londres e assistir aos musicais do Harry Potter e Mamma Mia!. Seria a viagem perfeita — conta Brasbie.
O show das Pussycat Dolls foi remarcado para 26 de outubro, mas o jovem preferiu esperar para solicitar o reagendamento das suas férias, por medo de que o show não seja realizado novamente.
— Não vê-las é o que mais pesa para mim, mas meus problemas são ínfimos perto do que está acontecendo — diz Brasbie, que aproveitou o tempo imposto pelo distanciamento social para se dedicar a um novo hobbie, o da decoração:
— Como me mudei recentemente, estou focando a energia em deixar meu quarto mais a minha cara. Montei um espaço mais bonitinho e organizado para o home office e comprei uma cama nova. Enfim, estou me redescobrindo e levando um pouco de mim para esse lugar.
Toque de hotel
Conversamos com os arquitetos para saber o que mais pode ser feito para transformar a experiência de morar em casa e deixá-la mais aconchegante e com pinta de hotel.
Memória afetiva
Reservar um local específico da casa para expor as fotografias e os objetos de viagens passadas ajuda a aguçar essas memórias prazerosas e traz uma sensação de bem-estar, diz a arquiteta Tania Bertolucci.
Iluminação
Para Mario Guidoux, arquiteto do escritório 0E1, uma das dicas mais simples e fácil de ser aplicada para tornar a casa mais aconchegante é mexer na iluminação. Se você é do time que tem luzes brancas em casa, procure repensar: as mais amareladas e quentes iluminam da mesma maneira que as brancas, não distorcem a cor e são mais acolhedoras.
Distribuição da luz
Ainda neste quesito, Ana Cristina Castagna, do escritório 0E1, destaca que a intensidade da iluminação precisa ser baixa, e as luzes precisam estar distribuídas (por abajures, por exemplo). Como em hotéis e restaurantes: dificilmente a luz vem diretamente de uma lâmpada.
Setorização do lar
Com a pandemia, a casa passa a ganhar múltiplos significados: é local de trabalho e de lazer ao mesmo tempo. É preciso criar uma separação entre esses dois universos, diz a arquiteta Tania Bertolucci.
Acústica agradável
Ana Cristina aponta que é comum hotéis terem pisos absorventes e emborrachados. Estas são medidas que auxiliam a diminuir o eco dentro dos cômodos. Em casa, os espaços podem ser decorados com almofadas e tapetes.
Aromas relaxantes
Outra boa pedida é a aromatização da casa. Mario Guidoux não aconselha o uso de sprays aromatizantes, porque eles têm um cheiro intenso nos primeiros momentos, mas logo na sequência seu efeito já desaparece. Sugere difusores de aroma e velas aromatizadas (sobretudo com essência de lavanda e alfazema, por serem relaxantes).
Invista nas plantas
Unanimidade entre os arquitetos, o uso de plantas é indicado como objeto decorativo e também para dar vida aos ambientes. Desde flores até pequenas suculentas, tudo é válido para transmitir a sensação de proximidade com a natureza em época de distanciamento social.