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Estamos no norte gaúcho, mas mais parece um pedacinho da Itália. Em Marau, os visitantes são acolhidos por famílias inteiras dispostas a receber bem quem chega para conhecer a chamada Rota das Salamarias, que se estende por 13 quilômetros no interior do município. E o melhor: com mesa farta.
Para quem sai de Porto Alegre, um dos caminhos é pelas BRs 448 e 386 e, depois, pelas RSs 130, 129 e 324. São pouco mais de 270 quilômetros. Quem nos recebeu na primeira das 10 propriedades do roteiro foi a família Camera, que montou um restaurante que segue à risca a tradição dos antepassados.
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A especialidade é o tortéi, mas o ingrediente que não falta, claro, é o que dá nome ao roteiro: o salame. A história da produção do embutido se confunde com a da fundação de Marau. Salamaria, para quem ficou se perguntando, é o lugar onde se produz o salame.
– A produção de salame vem desde os meus 14, 15 anos de idade, quando fazia junto com os pais. A matéria-prima de boa qualidade é o essencial, com temperos caseiros, naquele estilo bem colonial – descreve um dos donos, Valdir Camera.
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O prédio que abriga o restaurante foi construído recentemente, há cerca de nove anos, mas quem o visita entra num ambiente típico italiano do século 19. É uma réplica da casa da família Camera, construída há mais de 130 anos. Essa trajetória continua sendo contada ali, em um museu que também serve como um memorial em homenagem à mãe dos proprietários. Como a gaita passada de geração em geração, a história aqui é cuidada com muita dedicação: são dezenas de objetos que foram guardados pela família ou doados.
– É uma história que não pode ter um final. Tem de ser passada de geração em geração, sempre dando continuidade no bom trabalho – comenta outro dono do restaurante, Henrique Camera.
O que também não fica para trás quando se fala em herança cultural italiana é a produção de vinho. São cinco cantinas como a de Antônio Maculan, que cuida pessoalmente dos parreirais.
– Garanto que é diferente, não tem nada de produtos artificiais, é natural mesmo – conta ele.
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O que também segue a tradição na cidade é a produção de erva-mate. Primeiramente, as folhas são "sapecadas", depois secas e moídas, até chegar no ponto certo.
– Quem comprou a erva há uns anos volta, e ela vai ter o mesmo gosto sempre. Como a produção é pequena, a gente consegue selecionar os ervais que têm uma erva nativa boa – afirma o dono da ervateira, Adelar Pagnussat.
A visita também oferece contato direto com a natureza. Em um passeio com trator e carroção, pudemos conhecer mais das árvores nativas da região. São cerca de 20 minutos dentro da mata, em uma trilha que também pode ser feita a pé.
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Outro produto da rota é a cachaça artesanal. A técnica é mantida há quase cem anos pela família Pol. O alambique é o mesmo há quase um século. Já o tipo de cachaça depende do tempo em que ela ficou armazenada.
– Tentamos fazer o mais natural possível. Não produzimos muito porque é mais para manter a cultura – explica o dono da cachaçaria, Eliseu Pol.
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A visita
Você pode conhecer a Rota das Salamarias em apenas um dia, é só agendar o passeio pelo telefone (54) 99970-8824. Para visitar as 10 propriedades que fazem parte do destino, o valor é de R$ 53, já incluído o almoço no restaurante da família Camera.
#PartiuRS é uma série multimídia que mostra as belezas do Estado. Além do ZH Viagem, a série pode ser acompanhada aos sábados, no Jornal do Almoço, da RBS TV, no Supersábado, da Rádio Gaúcha, e em um site especial no G1. A coordenação é de Mariana Pessin (mariana.pessin@rbstv.com.br)