Se você está entre os que nunca foram à Festa Literária de Paraty, a Flip, porque leram em algum lugar que é um evento elitista, que a cidade fica intransitável, que os ingressos para as conferências mais disputadas se esgotam no primeiro dia ou custam muito caro, está na hora de rever seus conceitos.
Muito mais do que as conferências de autores célebres, a Flip é uma festa para os amantes da literatura e de outras manifestações artísticas. É uma oportunidade para conhecer a simpática Paraty no período em que vira uma mistura de sotaques.
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Antes de chegar à Flip e à programação que encanta os apaixonados por livros, permitam que lhes apresente Paraty, cidade de igrejas centenárias e arquitetura em estilo colonial português, patrimônio cultural da Humanidade, que pode ser visitada em qualquer estação.
Fechado ao tráfego de veículos, o Centro Histórico só pode ser percorrido de três formas: a pé, de bicicleta ou em charretes puxadas por uma dupla de cavalos (para horror dos defensores dos animais). Essa limitação torna Paraty um lugar de difícil acesso para pessoas com algum tipo de deficiência.
Cortada pelo Rio Perequê-açu, Paraty é uma cidade de barcos coloridos, que levam turistas para passeios pela baía, com direito a banho nas águas cristalinas da Costa Verde. Além das excursões em escunas, com hora marcada, é possível alugar um barco e fazer o seu próprio roteiro. Outra opção de passeio é o tour de seis horas pela Mata Atlântica, com visita às cachoeiras do Tobogã, do Poço do Tarzã e da Pedra Branca.
A gastronomia é uma atração à parte. Bares e restaurantes dominam o Centro Histórico. O elevado número de estrangeiros que escolhe Paraty para viver e investir garante incontáveis opções da culinária internacional, além das cozinhas brasileira e portuguesa. Uma tradição são os doces vendidos em uma espécie de carroça com nichos para fôrmas com bolos (aipim, coco, maracujá e tapioca), cocada, pé de moleque e paçoca.
São parada obrigatória as cachaçarias que oferecem degustação das tradicionais caninhas produzidas na região. Não deixe de experimentar a Gabriela (cachaça com cravo e canela), homenagem à célebre personagem de Jorge Amado.
Quer ir na época da Flip?
Neste ano, a Flip foi realizada de 29 de junho e 3 de julho. Se você quiser esperar para ir a Paraty na festa, dou algumas dicas.
Não há hipótese de acomodar na agenda tudo o que a festa literária oferece na programação oficial e nas atividades paralelas. Renunciar é preciso, porque, no mesmo horário, em diferentes pontos da cidade, podem estar falando os autores que você gostaria de ouvir.
Neste ano, para montar o roteiro mais produtivo era preciso prestar atenção à agenda de conferências na tenda dos autores (a única em que se cobra ingresso), no Centro Cultural Itaú, no Sesc e na Casa Folha (espaço do jornal Folha de S.Paulo), além de conferir dezenas de eventos paralelos da chamada Off Flip.
Mesmo quem não conseguiu ingresso para as conferências mais concorridas deste ano, a da bielorrussa Svetlana Alexievich, Prêmio Nobel de literatura de 2015, e a do norueguês Karl Ove Knausgård, pôde assisti-los pelo telão, confortavelmente acomodado em cadeiras do lado de fora. Em geral, a conferência é arrematada por uma sessão de autógrafos aberta ao público.
A Flip tem pouco em comum com a Feira do Livro de Porto Alegre ou com a bienal do Rio ou de São Paulo, mas a filial da Livraria Travessa, instalada junto à tenda dos autores, é um dos pontos mais frequentados.
De dia ou à noite, nas ruas de calçamento irregular, você pode topar com um prêmio Nobel, um artista consagrado, um poeta vestido de garçom, que oferece versos na bandeja, ou um músico como o acreano Rodolfo Minari, um encantador de crianças que percorre o Brasil com sua trupe em um velho ônibus transformado em moradia. E que tal um sarau de poesia a bordo de uma escuna? Tem também.
O importante é organizar a agenda com antecedência para aproveitar o que a Flip tem de melhor.
Hospedagem
As pousadas oferecem pacotes para os cinco dias da Flip. Para conseguir vaga nas melhores, é preciso reservar com bastante antecedência. Os preços praticamente triplicam nesse período (a média neste ano era de R$ 2 mil o pacote). Mesmo que esteja de carro, não convém ficar longe do Centro Histórico, dada a dificuldade de estacionamento.
Transporte
Paraty fica a 240 quilômetros do Rio e 268 quilômetros de São Paulo. De ônibus ou de carro, a viagem a partir do Rio dura pelo menos quatro horas, dada a quantidade de pardais da BR-101 (Rio-Santos), alguns com velocidade máxima de 40km/h. Se a intenção é alugar um carro, o mais seguro é escolher um voo que chegue ao Rio antes do meio-dia.
Calçados
A pavimentação irregular, com pedras brutas, garante o charme da cidade histórica, mas desafia o equilíbrio dos pedestres. Portanto, esqueça chinelos, sapatos de salto alto ou sandálias do tipo rasteirinha: em Paraty, o tênis é rei para homens e mulheres.
Tempo
No período da Flip, a temperatura pode passar dos 30°C. Não esqueça do protetor solar.