O aposentado Élvio Antônio Rieger, 59 anos, pesca sardinhas há 25 anos sobre a Ponte Giuseppe Garibaldi, que conecta Imbé e Tramandaí, no Litoral Norte do RS. Na última quinta-feira (23), ao erguer a vara com oito anzóis, teve uma surpresa.
— É uma sensação muito emocionante. Quando fisguei ela, que envergou a minha vara, os pescadores ali perto gritaram: "É uma tainha". Mas coloquei no balde e vi que era uma sardinha — conta o morador de Três de Maio, no Noroeste do Estado.
A sardinha pescada tinha 25 centímetros de comprimento, o que é incomum. O peixe se desloca pela água geralmente em cardumes e é atraído pelo brilho dos anzóis. Ou seja, os pescadores não usam iscas para a captura.
O veranista de Imbé costuma chegar na ponte em torno das 5h para pescar sardinhas. A vara de fibra de vidro que utiliza está sob sua posse há 15 anos. Mede seis metros de comprimento, mas com o "chicote", linha onde ficam distribuídos os anzóis, possui mais 40 centímetros. Trata-se de um equipamento profissional.
— Sabia que era uma das maiores, nunca tinha visto uma tão grande. Um amigo meu me disse: "Olha, essa aqui é a maior sardinha que já vi tirada do rio Tramandaí por meio de uma vara de pesca" — relata Rieger, que pesca, em média, entre 80 a 100 sardinhas por dia.
O local onde a sardinha foi pescada fica praticamente no meio da ponte, no primeiro pilar de sustentação de Tramandaí em direção a Imbé.
O pescador foi pesquisar feitos semelhantes e descobriu que em 2020 uma sardinha de 24 centímetros teria sido pescada na ponte. Seria o maior registro até então.
— Sou um amante desse esporte, me sinto bem com a vida quando estou pescando. Fui à Câmara de Vereadores de Tramandaí para me informar. Fizeram pesquisas e confirmaram que era a maior já registrada. Na prefeitura, realizaram a medição e constataram o mesmo — detalha.
Nesta terça-feira (28), por volta das 14h, sob chuva, seu Élvio retornou ao ponto exato onde fisgou a sardinha, enquanto outros pescadores tentavam a sorte nas proximidades. Alguns manuseavam tarrafas dentro do rio. A esposa Delci Rieger, 59, o acompanhava.
— Quando vi a sardinha, eu disse: "Nossa, parece uma tainha". Decidi medir e deu 25 centímetros — recorda a esposa.
Segundo Delci, as sardinhas podem ser preparadas fritas ou na panela de pressão. Na segunda opção, os ingredientes englobam um copo de água, sal, azeite, vinagre, cebola e tomate picados, além de uma colher de polpa de tomate. A fervura demora em torno de 40 minutos.
— Fica uma delícia — assegura ela.
Onde está a sardinha?
O pescador trabalhou no passado na Operação Golfinho em Imbé. Foi quando costumava alugar uma vara de pesca de bambu. Pegou gosto e não parou mais.
Nos períodos da noite e da madrugada, segundo Rieger, os peixes avançam do mar em direção ao rio para desovar. E nas primeiras horas da manhã ocorre a "vazão", quando retornam. Esse seria o momento ideal para tentar a pesca das sardinhas.
— Aqui é uma barra de desova, vem bagre, vem sardinha. Pegamos os peixes quando eles voltam — comenta.
O representante comercial Ramon Garcia, 55, conhecido por todos na ponte como Bambu, testemunhou a captura da sardinha na semana passada.
— Foi bacana ver aquela sardinha. É raro pegar uma tão grande assim — diz.
Engana-se quem pensa que a sardinha já foi degustada em alguma receita. Está congelada na geladeira.
— Essa vou levar para casa para mostrar para os amigos. Toda a região (de Três de Maio) está ligando para mim — orgulha-se seu Élvio, que virou uma celebridade entre os colegas de pescaria.