
Veranista que bate carteirinha a cada verão em Capão da Canoa, no Litoral Norte, Andressa Luiza Heck, 26 anos, sempre toma o cuidado para ir à praia já com o protetor solar. Passa filtro fator 30 no corpo e 60 no rosto. Reaplica após entrar no mar e também depois de algumas horas exposta ao sol.
— Geralmente, faço assim: tomo sol por uma hora de frente, mais uma hora de costas, e repasso o protetor, porque suo bastante. Se eu suar e esquecer de passar, vou ficar vermelha — diz a santa-mariense, que tem casa no litoral.
Está correta a atitude de Andressa, avalia a dermatologista Sabrina de Stefani, do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. O protetor deve ser passado ainda em casa, muito antes de botar os pés na areia, e reaplicado a cada imersão na água e após a exposição solar. Segundo a médica, é uma precaução que diminui os prejuízos que a radiação ultravioleta provoca na pele.
— Protetor solar deve ser usado durante todo o ano, mesmo no inverno, mas no verão é ainda mais importante por causa da maior incidência da radiação ultravioleta. Com o protetor, evitamos os efeitos nocivos dessa radiação na pele, tanto aqueles efeitos imediatos, que são as queimaduras, quanto os cumulativos, como o envelhecimento precoce, as manchas e o câncer de pele — diz a médica.
O filtro mínimo deve ser o 30, seja para as pessoas de pele branca ou negra, frisa a dermatologista. Não tem problema usar um número maior para o rosto, como faz Andressa, já é uma área mais sensível. Mas é importante que o protetor também tenha proteção UVA, informação que deve estar indicada no rótulo.
— O FPS se refere à proteção contra um tipo de radiação solar, que é a ultravioleta B, associada às queimaduras e ao câncer de pele. Mas o produto também precisa proteger contra a radiação ultravioleta A, que mais mancha e envelhece — explica a profissional.
Como frequenta a praia ao longo de todo o verão, Andressa acaba diminuindo o FPS conforme a pele fica mais morena. Chega em fevereiro usando o 15. Sabrina, porém, explica que isso não é correto, já que nenhum bronzeado protege a pele do sol.
— Não pode diminuir o FPS. É de 30 para cima, sempre. O bronzeado que se adquire ao longo do verão não protege contra as radiações ultravioletas. Na verdade, o bronzeado é um mecanismo de defesa da pele contra a radiação. Se tem bronzeado, significa que o sol penetrou na pele e danificou — alerta a dermatologista.
Cuidados além do protetor
Embora seja uma informação que muitos já cansaram de ouvir, é necessário repetir: o horário mais indicado para ficar na beira da praia é bem cedo pela manhã e da metade da tarde em diante. Já o período entre 10h e 16h é quando há maior incidência da radiação UVB, associada ao câncer de pele, e que existe mesmo em dias nublados.
A criança que sofre queimadura solar é o adulto com maior chance de câncer de pele no futuro. Daí a importância do protetor solar ainda na infância.
SABRINA DE STEFANI
Dermatologista
Ainda que soe desanimador, afastar-se da praia justamente quando sol está a pino é o mais adequado, afirma a dermatologista.
— O pior sol é entre 10h e 16h. Nesse período, a gente sugere que a pessoa nem tenha exposição. Isso porque o filtro solar, mesmo que usado de maneira correta, não impede a radiação de chegar na pele. Temos que evitar esse horário — reforça a médica.
Para completar a proteção, é importante usar chapéu, boné, óculos de sol e preferir lugares à sombra. Se não tiver, resguardar-se debaixo de um guarda-sol.
Proteção ainda na infância
O protetor solar é um hábito que deve ser adquirido ainda na infância. Segundo a dermatologista, crianças que se expõem ao sol sem proteção têm grandes chances de desenvolverem câncer de pele quando ficarem adultas.
— As queimaduras solares até os 20 anos são fatores de risco para o câncer de pele no futuro. A criança que sofre queimadura solar é o adulto com maior chance de câncer de pele no futuro. Daí a importância do protetor solar ainda na infância. E pouco se fala sobre isso — diz Sabrina.
Crianças de até seis meses de idade não devem sofrer exposição solar direta, já que não podem usar protetor.
Como se proteger do sol na beira da praia:
- Usar protetor com FPS 30, no mínimo, e que tenha a proteção UVA também (indicada no rótulo do produto
- Chegar na praia já protegido, em vez de aplicar o produto somente na areia
- Reaplicar o protetor a cada banho de mar e de hora em hora durante a exposição solar
- Evitar exposição solar no horário entre 10h e 16h
- Evitar até mesmo os banhos de sol - o correto é manter-se na sombra
- Incrementar a proteção com chapéu, boné, óculos de sol e guarda-sol
- Passar protetor solar é um hábito que deve ser adquirido ainda na infância