Rafaela Oliveira Moura é altruísta. Onde quer que esteja, não se importa de dar carona para o irmão, Arthur, e para os amigos Luan Santos Ribeiro e Valentim Martins. Mesmo com um veículo pequeno, garante o passeio de todos.
O inusitado: o veículo é uma prancha de stand up paddle, uma espécie de surfe com remos. O mais inusitado: Rafaela é a mais velha do grupo, com apenas seis anos.
A menina é o exemplo mais claro do mantra entoado pelos amantes do esporte. O SUP, como é chamado, abriga pessoas de todas as idades e de todos os portes físicos. Aprovada para a segunda série da escola particular Cesam, em Rio Grande, no sul do Estado, Rafa é uma aluna aplicada também nas aulas de stand up. O professor Lúcio Ribeiro que o diga:
- Ela carrega aquilo que as crianças têm de melhor, que é a grande capacidade cognitiva, a disposição para as lições, a disciplina e, principalmente, a falta de medo. Aí fica muito fácil.
A paixão pelo SUP começou com o pai, o capitão da Brigada Militar (BM) Devaldir das Neves Moura, 43 anos. Após aprender os primeiros passos para manter o equilíbrio sobre a prancha e até a encarar as ondas, estendeu suas habilidades náuticas também para o kitesurf (a prancha acoplada a uma pipa gigante). Desde os primeiros passos da filha, incentivou a participação da menina na água, até como forma de aprender a nadar. Sempre de olho na guria, presenciou as primeiras braçadas e, claro, os primeiros caldos - "até para aprender a respeitar o mar".
- Me impressiona a evolução dela. E a paixão dela pelo mar. Quando comecei a velejar no kitesurf, ela pedia para ir junto. E até criamos uma adaptação, para ela ir junto a mim. Claro que fico sempre atento a ela, mas o comportamento é ótimo. Diversão garantida - derrete-se.
A mãe, Priscila Oliveira Moura, assistente social, também foi seduzida aos esportes náuticos. Hoje, é adepta tanto do SUP quanto do kitesurf. E não nega que adora ver a filha deslizando sobre a água.
Apesar de bastante conhecido, o stand up deverá ser o esporte aquático mais praticado da temporada de verão da praia do Cassino. Segundo Lúcio Ribeiro, a procura por aulas, pranchas e remos cresceu exponencialmente durante o ano. São dezenas de encontros e grupos que planejam viagens e remadas por diversos recantos do litoral, tanto na praia quanto na Lagoa dos Patos. A travessia entre Rio Grande e São José do Norte, cruzando pelos molhes, por exemplo, já virou evento tradicional.
- O mais encantador do SUP é que pode andar quem estiver acima do peso, quem estiver abaixo do peso, jovens, idosos. Em 15 minutos de aula, o cara sai remando. Não estou exagerando. Com a prancha adequada e a condição do tempo favorável, dá até para ser em menos tempo.
Condição do tempo favorável, neste caso, é pouco vento e mar calmo. Apesar de ser perfeitamente possível aproveitar também com cenários adversos, para iniciantes, o ideal é ter o menor empecilho natural possível.
Outro ponto favorável do esporte é para a silhueta. Especialistas estimam que em uma hora de remada o corpo perca até 600 calorias. Praticamente uma academia, mas sem esteira, sem paredes à volta e sem ventiladores de teto. Tudo na natureza.
CURIOSIDADES
> A utilização de embarcações individuais, seja para a pesca, transporte ou como forma de atividade recreativa são relatadas em civilizações muito antigas. No Peru, entre 200 a.C. e 700 d.C., já há registros de uso pelos moches.
> O stand up paddle moderno foi popularizado no Havaí, EUA, entre as décadas de 1920 e 1950, quando os instrutores de surfe (chamados de Beach Boys) utilizavam grandes pranchas com remo, para acompanhar e fotografar os aspirantes a surfistas da época.
> Nos anos 1990, também no Havaí, o SUP ganhou maior conotação como esporte, especialmente por Laird Hamilton.
A PRÁTICA
> O esporte ficou conhecido por deixar as pessoas saradas e com saúde, podendo derreter até 600 calorias por hora de atividade.
> É importante fazer um bom trabalho de alongamento e aquecimento. O stand up paddle exige muito dos tendões e articulações. É importante também usar sempre colete salva-vidas e não remar sozinho, especialmente nos primeiros banhos.
> Os preços das pranchas nacionais e importadas de mesmo tamanho podem variar de R$ 1,8 mil a R$ 5,5 mil. A melhor escolha vai ser sempre aquela que se adequa melhor à expectativa do praticante, à necessidade de uso e ao bolso.