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Por Bebeto Alves, músico
Revolto, escuro e mexido, o primeiro mar da vida de Bebeto Alves - já aos 16 anos - não o agradou. Mas depois vieram muitos outros mares: gaúchos, brasileiros e pelo mundo todo. E até mares que não eram mares...
Engraçado... Eu conheci o mar aos 16 anos de idade. Não gostei. Não era o que imaginava. O meu mar era um mar paradisíaco que eu via no cinema: colorido, com música ao fundo... Não aquele mar revolto, escuro e mexido da praia de Cidreira, aonde fui com alguns amigos em uma aventura vapt vupt: fui, vi e voltei.
Não entendia o verão à beira-mar, para mim o verão era uma outra coisa, uma outra coisa... No início dos anos 1970, com namorada a tiracolo e uma turma de amigos rumei para a Praia Vermelha, Santa Catarina. Aí conheci o mar. O mar além do paraíso, o mar misterioso, profundo, reflexivo.
O mar noturno das algas fosforescentes, o mar de andar às escuras por estradinhas, avanhandavas, ouvindo o seu rumor, o seu estrondo. Depois, tempo depois, embarquei na Kombi do Toco e da Nizinha, amigos naquele então e que ainda são até hoje, e nos dirigimos à Praia do Rosa.
Eu a reconheci da viagem anterior, pois atravessávamos a Vermelha (praia) em direção ao Portinho, ao sul do Rosa, na noite, muitas vezes. Foi uma alegria, pois diurna, alegria pois nativa do Seu Dorvino e Dona Eugênia, das esteiras de bananeiras, dos cigarrinhos Arizona, do aparadinho, do sorriso do meu amigo Toco, aquela alegria setentona, pós-coisa ruim. A Lagoa Salgada, a Lagoa Doce...
O mar eu comecei a chamar de verão, o verão que era noite estrelada dos serões nas calçadas de Uruguaiana, da poeira da rua, das noites sem dormir vagando pela cidade com a molecada, das piscinas dos clubes... Do Carnaval.
Depois, Porto Alegre, a Rua Santana, o Parque da Redenção e novamente, nesse círculo, de um mar que não era mar, que não era o meu mar, até ele vir a ser - como falei no parágrafo anterior -, o próprio verão, uma descoberta.
E conheci tantos outros mares, aqui e acolá: o Mediterrâneo, o Adriático, o Mar Negro, o Egeu, tantos mares no mundo e as noites de verão dos satélites que se abanam loucos de calor e das estrelas que se despencam... Num tchium bum de gentes.
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