O programa Timeline, da Rádio Gaúcha, entrevistou na manhã desta terça-feira (8) Cesar Sostizzo, líder do Legendários Porto Alegre.
Criado na Guatemala em 2015, o movimento cristão tem chamado atenção no Brasil, onde vem ganhado adeptos — entre eles, famosos como o influenciador de finanças Thiago Nigro (o Primo Rico), o influenciador e ex-BBB Eliezer e Neymar pai.
A proposta do Legendários é que os participantes vivam uma experiência transformadora a partir de uma imersão de 72 horas em uma montanha, em meio à natureza. O evento é chamado de TOP, sigla para Track Outdoor Potential.
Veja, a seguir os principais trechos da entrevista de Sostizzo a Luciano Potter, Mariana Ceccon e Paulo Germano.
Entrevista com Cesar Sostizzo, líder do Legendários Porto Alegre
O que é o movimento Legendários:
O movimento busca levar o homem a ter uma conexão com o legendário número um, que carinhosamente dizemos que é Jesus. Pois só o legendário número um pode transformar. Nós, que vamos para a montanha para servir, somos apenas instrumentos nas mãos do legendário número um, como exemplo para os outros homens que estão passando pelo processo na montanha.
O que acontece na montanha:
Não é um desafio físico. Tu vais passar por um processo de 72 horas, onde vai haver uma caminhada, uma atividade. Mas a montanha, como a gente diz, é o que nós temos no nosso dia a dia, que são as dificuldades, os problemas com trabalho, os problemas com a família.
Montanhas são os nossos problemas. E lá na montanha, na área onde acontece esse desafio, o homem é confrontado. E o confronto vai fazer com que o homem saia da zona de conforto e passe a se enxergar de uma maneira diferente.
O que significa a experiência na montanha:
Durante esse processo, haverá paradas com mensagens bíblicas. E pode ser que essa mensagem toque o teu coração e tu revejas a tua vida.
Pode ser que aquela mensagem que mudou a minha vida não faça o menor sentido para outro homem. Pode ser que, para alguns homens, as 72 horas sejam simplesmente um caminho e uma trilha. Agora, o que de fato ocorre é que retornamos da montanha muito diferentes. Porque voltamos com histórias dignas de serem contadas.
E quando tu encontras na rua, em qualquer lugar do mundo, um outro homem que passou por esse processo, tu vais ter histórias, assuntos de conversa, como se tu fosses amigo de infância de 30, 40, 50 anos. É uma coisa inexplicável de contar.
Como surgiu o movimento Legendários:
Esse movimento nasceu na Guatemala em 2015. O idealizador dele se chama Chepe Tupzu, ele é o legendário número três e ele criou isso justamente para levar os homens à raiz, vamos dizer assim. O número dois, eu já ouvi a história dele, mas acho que é o pastor que estava junto com ele, alguma coisa do tipo."
O crescimento do movimento no Brasil:
Em 2017, o pastor Ricardo Bernardes, de Balneário Camboriú, foi fazer esse desafio lá na Guatemala, voltou de lá com um grupo e começou a idealizar para fazer isso no Brasil. Mas foi agora, ano passado, que (o movimento) teve um boom. Hoje, os legendários já são mais de 100 mil no mundo.
O Brasil é um local que vem crescendo de uma forma exponencial. Hoje, já passa de 40 mil no Brasil, são em torno de 50 locais para tu fazeres o TOP (sigla para a experiência) no Brasil. Até o final do ano, estima-se que no Brasil ultrapasse 80 mil e seja em torno de cem locais para subir a montanha."
Como é o movimento no Rio Grande do Sul:
Temos em Santa Maria, que foi o primeiro aqui no Rio Grande do Sul, depois tem em Erechim, depois surgiu em Santo Ângelo, depois foi no litoral, em Capão da Canoa, depois foi para Gramado, aí tem Gravataí e vai ter agora em Montenegro.
O que os homens buscam na experiência na montanha:
Vou dar o meu exemplo. Fui fazer um piquenique na montanha. Só que em algum momento, ouvindo uma mensagem, numa dinâmica, percebi que eu estava a anos-luz do que era ser um bom marido, um bom pai.
Eu tinha muitas coisas que precisava fazer diferente, que eu precisava me posicionar como marido, como pai, como uma pessoa que precisa proteger a esposa, proteger os filhos, precisa dar direção para a esposa, direção para os filhos.
Tu escutas testemunhas e histórias de homens que estão para o lado de drogas, de bebida, de pornografia e que resolvem mudar, resolvem confessar esses pecados. E dizem: eu não quero mais isso para minha vida.
Tem pessoas que vão pra montanha como o último suspiro de encontrar algo pra restaurar o casamento, restaurar uma paternidade, e acabam encontrando isso.
Percebi que primeiro eu preciso cuidar da minha família. Primeiro eu preciso ver se a casa onde eles estão está adequada para eles. Depois, eu vou cuidar do que está fora da minha casa. Isso tanto na área material como na área espiritual."
Sobre relatos de que a inscrição pode custar até R$ 81 mil:
Aqui no Brasil, o valor gira em torno de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil. Quem subir a montanha no final vai entender todos esses custos. Cada pista, como a gente diz, abre 150, 200, 300 vagas e acaba se encerrando em questões de dois, três, quatro minutos.
Quando encerram as inscrições, o sistema tranca e ele joga um valor lá.
Esse valor não existe. Vamos pegar o TOP Pantanal. Se foram lá 300 homens para subir a montanha, tu podes perguntar para os 300 e eles vão te responder que foi algo em torno de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil. Não foi além disso.
Mulheres podem participar?
Mulheres podem. Depois que o homem for para a montanha, ele vai ser um legendário. E aí depois tem um TOP que se chama REM, que é Reto Empoderamento Matrimonial, que é para o casal.
O casal vai junto fazer um desafio. São dinâmicas, atividades, mensagens para fortalecer o relacionamento do casal, fazer planos, coisas do tipo. Também tem o Legado, que são legendários com filhos e filhas. Tu levas o teu filho, a tua filha, para passar um desafio na montanha junto com eles.
A qual igreja a coordenação do Legendários está ligada?
São evangélicos, mas tem muitas pessoas que vão subir que são católicas.