A cultura alemã já dá as cores e o som típicos de outubro no Rio Grande do Sul. Em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, o vermelho, preto e amarelo da bandeira germânica enfeita ruas para a Oktoberfest, considerada uma das festas mais tradicionais do Estado. Com o tema Nossa História, Nosso Futuro, a 38ª Oktoberfest e Feirasul 2023 oferecem atrações musicais, gastronomia típica alemã, brincadeiras e um espaço dedicado a produtores da agricultura familiar.
Para entrar no clima, os visitantes podia tirar fotos com a família símbolo da Oktoberfest: Fritz, Frida, Max e Milli representados por tradicionais bonecos. Os quatro passeavam pelo parque e encantavam os visitantes. Algumas crianças usavam trajes típicos inspirados na colonização, uma forma como as famílias cultuam sua história e repassam à próxima geração. Na tarde desta sexta-feira (6), no segundo dia de evento, a programação ainda oferece jogos germânicos e apresentações de bandas para atrair público ao parque.
A Oktoberfest conta com frequentadores antigos, como o casal Jonas Corrêa da Silva, 34 anos, e Franciele Soares Pradier, 36. Acompanhados do filho Tomás, de três meses, os dois aproveitavam o espaço de alimentação, deliciando-se com crepe e chope. O local é destino certo para o casal há 10 anos.
— A gente sempre vem todos os anos. Sempre comparecemos, achamos bacana, toda a estrutura montada, a preocupação com as pessoas que vêm, é uma festa que tem tradição há muitos ano. Tem pessoal que vem de longe, que vem de fora, porque é uma festa bem conhecida na região. A gente vem prestigiar, pois tem vários shows, atrações, boa culinária da região que é típica alemã — afirma Silva.
Natural de Santa Cruz do Sul, o técnico em segurança do trabalho cita a cuca de linguiça como uma das principais comidas da gastronomia alemã. E um dos atrativos da festa:
— É muito bom aproveitar com a família, tomar um chopinho e comer comida boa.
Com o pequeno Tomás no colo, Franciele, que é professora, afirma que sempre gostou de frequentar a Oktoberfest. Natural de Bagé, na Campanha, ela reside há 10 anos em Santa Cruz do Sul. Mesmo quando morava na cidade natal, já frequentava a festa, indo de excursão com amigas.
— O Tomás veio pela primeira vez na barriga, quando estava grávida. Agora ele veio conhecer pessoalmente. Tem um significado diferente para nós — destaca.
Espaço para a agricultura familiar
No pavilhão da agricultura familiar, que reúne 40 expositores, doces, cucas e outras comidas tradicionais alemãs ganham espaço. O vendedor José Cledir dos Santos Bulsing, 40, trouxe cucas produzidas pela família em Cachoeira do Sul para comercializar no evento. Ele espera aumentar as vendas em cerca de 10% em relação ao ano passado, quando houve a primeira exposição de produtos no espaço.
— A expectativa é de que seja melhor esse ano. No ano passado, como era a primeira edição, o pessoal não conhecia muito. Agora esse ano o pessoal já conhece e chama atenção — avalia.
Ele diz que o carro-chefe de vendas são as cucas mistas, que podem levar diversos sabores, como leite condensado, coco, morango e amendoim. As menores, com cerca de 500 gramas, saem por R$ 17. As maiores, com quase um quilo, são comercializadas por R$ 25.
O espaço também é uma oportunidade boa de vendas para o produtor de doce de leite Roberto de Oliveira, 42 anos, que reside no município de Estrela. Na cidade ela cria cem vacas, que rendem 3,5 mil litros de leite por dia.
— Faz dois anos que lançamos o doce de leite. A expectativa é de um aumento de 20% das vendas em relação ao ano passado — projeta. Um pote com 420 gramas sai por R$ 30. A previsão é vender mais de 2 mil potes este ano.
Banda tradicional anima turistas
Para o músico Euclides José Kist, 64, que toca na banda Heilige, a Oktoberfest é sinônimo de alegria e diversão com os amigos. Natural de Ipumirim, em Santa Catarina, ele foi morar em Santa Cruz do Sul em 1986. Desde então, tenta participar de todas as edições do evento. Há mais de uma década, ele e outros músicos fazem a alegria dos turistas com apresentações itinerantes pelo parque.
— Só não toquei na primeira edição da Oktoberfest, mas nas outras, exceto uma ou outra, toquei — destaca o saxofonista.
O colega de banda, Cláudio Ricardo Struecker, 50, que é militar aposentado, diz que a banda - fundada em parceria com uma cervejaria - existe desde 2010, com o estilo alemão como forte.
— Participo há quase 25 anos dessa festa e todo ano é uma alegria, uma emoção estar aqui tocando na nossa Oktoberfest de Santa Cruz do Sul e levar essa cultura, essa tradição, que a gente carrega no sangue — afirma.
A Heilige faz apresentações itinerantes à noite, sem equipamento.
— Os turistas vêm para escutar esse tipo de música. É muito legal a gente sentir o clima e a emoção de estar tocando. O turista que vem para cá não vem para escutar música gaúcha, não vem para escutar bailão, vem para escutar bandinha, porque nossa Oktoberfest inspira bandinha — afirma.
Programação da festa
A exemplo de 2022, a festa terá horários diários de gratuidade. No restante da programação, os valores da entrada variam entre R$11 e R$18,50 (meia) e R$ 22 a R$ 37. A programação completa e outras informações podem ser obtidas no site.
Organizada pela Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp) e a prefeitura de Santa Cruz do Sul, a 38 Oktoberfest ocorre até o dia 22 de outubro. Entre os shows previstos durante a programação estão: Ana Castela e Banda Knecos (7 de outubro), Hugo e Guilherme (11 de outubro), Henrique e Juliano e Rayane e Rafaela (14 de outubro), O Baile do Nego Véio (Alexandre Pires) e Brilha Som (20 de outubro), e Maiara e Maraísa e Corpo e Alma (21 de outubro).