Uma professora negra do Centro de Ensino Médio 9 de Ceilândia, na região metropolitana de Brasília, recebeu de um aluno como suposto "presente" no Dia Internacional da Mulher um pacote de palha de aço, popularmente chamado como "bombril". O vídeo em que o aluno faz a entrega do produto de limpeza viralizou nas redes sociais nesta segunda-feira (13).
Na gravação, é possível notar que ao abrir a embalagem e ver que o conteúdo era uma palha de aço, a professora fica visivelmente constrangida.
— Eu vou aceitar, porque tudo que vem, volta — responde a professora. Então, outros alunos dão risada e lhe desejam um "feliz dia da mulher".
A Secretaria Estadual de Educação do Distrito Federal (DF) confirmou o episódio e, em nota, disse que "a direção da escola se reuniu com o estudante e seus responsáveis, e também já conversou com a professora envolvida no caso". O aluno é menor de idade.
A advogada Aline Santiago da Cruz, coordenadora Comissão da Igualdade Racial da OAB São Paulo, explica que o gesto do estudante corresponde a "ato infracional equiparado ao crime de racismo".
— É usada (a palha de aço) como uma aproximação com o cabelo crespo da mulher negra. É um estereótipo utilizado para diminuir — avalia Aline Santiago.
O crime de injúria racial, assim como outros delitos resultantes de discriminação por causa da cor da pele, estão previstos em uma lei específica. A pena mínima, caso um adulto seja o autor, é de dois anos de reclusão.
Se o Ministério Público abrir investigação sobre a conduta do aluno, ele responderá de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. A Secretaria de Educação do DF também disse à reportagem que a escola organizará atividades educativas na instituição.
Leia a nota da Secretaria de Educação do Distrito Federal na íntegra
A equipe gestora do Centro de Ensino Médio 9 de Ceilândia informou que só teve conhecimento do ocorrido nesta segunda-feira (13). A partir disso, a direção da escola se reuniu com o estudante e seus responsáveis e também já conversou com a professora envolvida no caso.
A Secretaria de Estado de Educação do DF informa que a escola tem autonomia para conduzir o ocorrido. A pasta ressalta, ainda, que repudia qualquer tipo de preconceito e reforça o compromisso e empenho na busca por elementos que permitam o esclarecimento dos fatos, bem como o suporte aos envolvidos.
A direção da escola indicou ainda que fará ações nas salas de aula, como rodas de conversa para instruir estudantes sobre o assunto.
A Coordenação Regional de Ensino de Ceilândia informou que acionou uma equipe de psicólogos e pedagogos da regional para que estes auxiliem nessas atividades que serão desenvolvidas também em outras escolas.