Um estudo realizado pelo Observatório de Turismo, vinculado à Secretaria de Turismo do Estado do Rio Grande do Sul (Setur-RS), apontou que as viagens regionais são um dos pontos fortes do Estado. A pesquisa Perfil do Comportamento do Turista ouviu 1.032 pessoas em cinco grandes eventos que ocorreram entre setembro e novembro deste ano (Expointer, em Esteio, Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul, Expovale, em Lajeado, Festa das Rosas, em Sapiranga, e Feira Loucura por Sapatos, em Novo Hamburgo).
O levantamento mostrou que o público presente nos eventos turísticos analisados é composto por viajantes regionais. Somente 5,1% são visitantes de fora do Estado ou de origem internacional (3,6% de outros Estados e 1,5% veio de outros países). Outro dado que reforça o regionalismo é que 85,3% dos entrevistados foram aos eventos turísticos direto de suas casas ou apartamentos. Mas há quem tenha utilizado os serviços de hotéis, 9,5% dos participantes.
De acordo com o secretário de Turismo do Estado, Raphael Ayub, embora sejam eventos regionais, capazes de fomentar a rede gastronômica, também intensifica a rede hoteleira, que costuma dedicar-se ao turismo de negócios e não de eventos. Conforme Ayub, um dos objetivos da pesquisa foi conhecer quem é o turista no Rio Grande do Sul, entender o que pode ser fortalecido em cada uma das 27 regiões turísticas do Estado e mostrar a importância do setor.
— Mais importante do que saber o que cada um da rede hoteleira e da rede gastronômica têm para oferecer, é saber o que o turista está buscando. É enxergar o turismo sob a ótica da demanda e não da oferta — explica o secretário.
Ele cita o exemplo da serra gaúcha, que vem há anos fortalecendo um projeto de pertencimento da comunidade e a formação de capital intelectual e social local voltado ao turismo, por entender a relevância econômica a médio e longo prazo para a região.
— A gourmetização da uva, que se tornou uma enogastronomia, um enoturismo. O pequeno produtor cobra R$ 150 a visita para as pessoas conhecerem o processo de plantação, colheita e fermentação da uva. Ao final, se elas quiserem levar uma garrafa de vinho da uva plantada naquela terra, pagam, no mínimo, R$ 80 por uma garrafa de 750ml. Então, fica cristalina a demonstração de que agregar experiência a um produto torna o valor infinitamente superior ao do produto em si — explica o secretário.
O estudo do Observatório ainda mostrou que o principal motivo da visita elencado pelos entrevistados foi lazer (41,5%), negócios (11,4%) e adquirir conhecimento (5,5%). Quando perguntados sobre o que mais gostaram no evento, a gastronomia ficou em primeiro lugar (22,7%), seguida de música (13,6%), diversão (12,3%) e bebida (12,3%).
A partir da pesquisa, aponta o secretário, foi possível identificar que as pessoas vão até determinados lugares para conhecer e experimentar a culinária local, e não buscarem mais do mesmo. Por isso, ele pretende demonstrar a cada região - como aquelas produtoras de ovelha, de oliva, de morango, de noz pecan, entre outras - que é possível entregar o produto final agregando experiência ao turista.
— Vamos difundir estas informações por meio do Conselho Estadual de Turismo. Paralelo a isso, ao longo deste ano, levamos às 27 regiões do Estado a importância do turismo e de termos uma base de dados científica para mensurar os eventos e aperfeiçoar a região (em termos turísticos), tanto no âmbito público, quanto no privado — finaliza o secretário.