O escritor paulistano Ricardo Lísias, 47 anos, desenvolveu um quadro grave de covid-19 no pior momento da pandemia no Brasil. Adoeceu em março de 2021, quando os hospitais entraram em colapso, a vacinação avançava devagar e ele ainda não tinha recebido nenhuma dose de imunizante. O livro Uma Dor Perfeita começou a ser redigido ainda no hospital. Baseia-se em lembranças, conversas de WhatsApp e com a equipe assistencial, anotações – o autor pediu papel e caneta quando passou a se sentir melhor. Os momentos mais dramáticos estão explícitos no texto, marcado por um recurso agoniante: quando o relato repassa momentos com as crises de tosse mais fortes, as frases são interrompidas, acabando sem ponto-final. O título do livro remete à sensação dilacerante que Lísias não consegue definir plenamente: parecia que suas pernas eram mastigadas pela ação do coronavírus. Nesta entrevista, concedida por telefone, ele recorda a experiência e fala sobre a criação da obra após ter superado a doença.
Com a Palavra
Notícia
"Não creio que a literatura, a arte, como relato, consiga atingir o que vivi", diz escritor Ricardo Lísias sobre a covid-19
Autor de romances e livros de outros gêneros, ele conta a experiência de ter desenvolvido quadro grave da doença no livro "Uma Dor Perfeita"