O Papa Francisco, 85 anos, anunciou no domingo (29) que nomeará 21 novos cardeais de vários países, incluindo dois brasileiros, durante o próximo Consistório que ocorrerá em 27 de agosto. Dos novos nomes, 16 são cardeais eleitores com menos de 80 anos, e portanto, se tornam elegíveis para entrar em conclave para eleger o próximo papa após morte ou renúncia.
– No sábado, 27 de agosto, celebrarei um Consistório para a criação de novos cardeais –declarou o pontífice logo após sua tradicional oração dominical da janela do Palácio Apostólico que dá para a Praça de São Pedro, no Vaticano, em Roma.
Este será o oitavo Consistório do pontificado do Papa Francisco. O anúncio do representante religioso era esperado há vários meses, já que o número de cardeais eleitores caiu para 117, quando tradicionalmente é pelo menos 120. Em 27 de agosto, o número de cardeais deve subir para 133.
— Estes são os nomes dos novos cardeais — acrescentou o pontífice antes de revelar seus nomes e títulos.
Entre os brasileiros que serão nomeados estão os arcebispos Leonardo Ulrich Steiner, 71 anos, de Manaus, e Paulo Cezar Costa, 54 anos, de Brasília. Além deles, há outros dois nomes da América Latina, o paraguaio Adalberto Martínez Flores, e Jorge Enrique Jiménez Carvajal, arcebispo emérito de Cartagena, na Colômbia. Este último está entre os cinco que não poderão votar durante o conclave por ter mais de 80 anos.
Os novos cardeais também incluem o arcebispo italiano Giorgio Marengo, que atualmente é o administrador da Igreja Católica na Mongólia, e outros nomes que vêm da Cingapura, Estados Unidos, França, Gana, Índia, Itália, Nigéria e Timor Leste.
Após a cerimônia, Francisco terá nomeado 83 dos 133 cardeais eleitores. Isso aumenta a possibilidade de o sucessor do papa ser alguém que reflita sua posição em questões de suma importância para a Igreja Católica.
O arcebispo de Manaus
O arcebispo Leonardo Ulrich Steiner, de Manaus, nasceu em 6 de novembro de 1950 em Forquilhinha, Santa Catarina. Em 20 de janeiro de 1972, foi admitido no Noviciado da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e ingressou na Ordem dos Frades Menores (OFM).
De 1973 a 1978, Leonardo cursou Filosofia e Teologia em Petrópolis, no Rio de Janeiro, na época em que os dois cursos eram integrados. Foi ordenado padre em 21 de janeiro de 1978, pelo cardeal Paulo Evaristo Arns, que é seu primo.
Com a formação pedagógica, ele logo assumiu trabalhos na área da educação e compôs o quadro docente de casas de formação. De 1981 a 1982, concluiu o curso de Pedagogia e de 1987 a 1994 tornou-se mestre dos noviços. A partir de 1995, se transferiu para o Pontifício Ateneu Antoniano, onde realizou mestrado e doutorado em Filosofia.
Leonardo exerceu de 1999 a 2003 a função de secretário-geral do Pontifício Ateneu Antoniano, em Roma. Quando regressou ao Brasil depois desse período, foi nomeado vigário da paróquia do Senhor Bom Jesus, em Curitiba, no Paraná. Lá também passou a lecionar na Faculdade de Filosofia São Boaventura.
Em 2 de fevereiro de 2005, Steiner foi nomeado bispo pelo Papa João Paulo II. Com isso, exerceria a função na Prelazia de São Félix do Araguaia, em Mato Grosso, substituindo dom Pedro Casaldáliga. Em 16 de abril do mesmo ano, foi ordenado bispo em Blumenau (SC) pelo cardeal Paulo Evaristo Arns.
De 2007 a 2011, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 10 de maio de 2011 foi eleito secretário-geral da CNBB, durante a 49ª Assembleia Geral. O Papa Bento XVI nomeou Leonardo como bispo auxiliar da arquidiocese de Brasília em 21 de setembro do mesmo ano.
Steiner chegou a ser reeleito como secretário-geral da CNBB, tendo cumprido o mandado de 20 de abril de 2015 a 10 de maio de 2019. Em 27 de novembro do mesmo ano foi nomeado pelo Papa Francisco como novo arcebispo metropolitano de Manaus.
A presidência da CNBB nomeou Leonardo, em 4 de abril deste ano, como o novo presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia.
O arcebispo de Brasília
Paulo Cezar Costa nasceu em 20 de julho de 1967 em Natural de Valença, no Rio de Janeiro. O religioso tem graduação em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da arquidiocese do Rio de Janeiro, além de mestrado e doutorado na mesma área pela Pontifícia Universidade Gregoriana.
Paulo foi ordenado presbítero em 5 de dezembro de 1992. Nesse período, foi vigário paroquial, pároco e reitor do Seminário Diocesano Paulo VI, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.
O atual arcebispo de Brasília também atuou no âmbito acadêmico. Na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), foi professor titular, coordenador e diretor do Departamento de Teologia. No Instituto de Filosofia e Teologia Paulo VI também trabalhou como professor e diretor. Além disso, exerceu a docência no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro e na Escola Teológica São Bento (ETSB).
O Papa Bento XVI nomeou em 2010 Paulo como bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ). De 2011 a 2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB.
Em 22 de junho de 2016, o religioso foi nomeado como 7º bispo da diocese de São Carlos pelo Papa Francisco. A posse ocorreu em 6 de agosto na Catedral de São Carlos, em São Paulo.
O Papa Francisco escolheu Paulo como arcebispo da arquidiocese de Brasília em 21 de outubro de 2020. A posse ocorreu em 12 de dezembro do mesmo ano em uma cerimônia na Catedral de Brasília.