O papa Francisco visitou nesta quinta-feira (21) o templo Wat Ratchabophit, em Bangcoc, para se encontrar com o patriarca supremo dos budistas tailandeses. Ele defendeu que as religiões sejam faróis de esperança e fraternidade.
No segundo encontro oficial da visita à Tailândia, o pontífice entrou no templo budista, construído em 1860, e saudou o patriarca Somdet Phra Ariyavongsagatanana, de 92 anos, que conheceu por ocasião de uma visita ao Vaticano, em novo passo no diálogo com representantes dessa Igreja.
Tal como os monges budistas, o papa e toda a delegação tiraram os sapatos para entrar no templo e, em seguida, na sala principal, onde foram feitos os discursos.
O papa Francisco afirmou que o encontro pretende "acrescentar não só o respeito, como a amizade" entre as duas religiões, o que serve de exemplo num mundo em que "se criam e propagam divisões".
— Quando temos a oportunidade de nos reconhecermos e de nos valorizarmos, inclusive nas nossas diferenças, oferecemos ao mundo uma palavra de esperança capaz de animar e apoiar aqueles que são sempre prejudicados pela divisão — defendeu.
O papa destacou "a importância de que as religiões se manifestem cada vez mais como faróis de esperança, enquanto promotoras e garantidoras da fraternidade".
Ele pediu que entre os fiéis das duas religiões sejam desenvolvidas "novas imaginações de caridade, capazes de gerar e aumentar iniciativas concretas no caminho da fraternidade, especialmente com os mais pobres e em referência à nossa tão maltratada casa comum".
Durante o dia, o papa visitou ainda o maior hospital católico do país, São Luís, fundado há 120 anos.
Na agenda do papa Francisco, ainda esteve uma reunião com o rei da Tailândia, numa visita totalmente privada, e a celebração de missa no estádio de futebol da capital tailandesa.
O papa iniciou nessa quarta-feira (20) em Bangcoc visita de três dias à Tailândia, primeira etapa de uma viagem pela Ásia que também inclui o Japão.
Denúncia
Em seu primeiro discurso na Tailândia, o papa Francisco denunciou que "mulheres e crianças estão particularmente vulneráveis, violentadas e expostas a toda forma de exploração, escravidão, violência e abuso". O país é considerado um dos destinos para o turismo sexual.
Ele reconheceu "os esforços" das autoridades tailandesas para erradicar o mal, bem como de todas as pessoas e organizações que trabalham para oferecer um caminho de dignidade".
Embora o chefe da Igreja Católica não tenha citado especificamente a exploração sexual de mulheres e crianças, sobretudo pelos turistas no país, o negócio representa ainda cerca de 2% a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), apesar da grande redução registrada nos últimos anos, de acordo com relatórios recentes.
Algumas organizações não governamentais (ONGs) mostram que mais de 60 mil crianças são exploradas sexualmente na Tailândia todos os anos e cerca de 300 mil mulheres estão em redes de prostituição, apesar de a prática ser proibida.
Essas mulheres e crianças são oriundas, principalmente, do Camboja, Vietnã e Laos.