A ideia era entregar, semanalmente, uma resenha sobre a aula anterior a um dos professores do curso de Design na PUCRS. Mas um dia, além do trabalho impresso da maneira tradicional, em papel A4, fonte Times New Roman, um dos alunos resolveu também deixar com o professor um papiro. Outra semana, outro trabalho, outra invenção: lá foi um relatório todo disponibilizado em uma fita de dois metros. Houve também um entregue em Comic Sans – fonte associada a história em quadrinhos e geralmente abominada entre designers – e outro em Código Morse.
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Não valia nota extra ou qualquer tipo de bonificação: o objetivo de Guilherme Campos, 18 anos, era apenas exercer a criatividade, tão recomendada para os estudantes dessa graduação.
– Isso acabou me dando uma motivação, eu comecei a ver que tinha mais vontade de fazer os resumos assim, sabia que faria de uma forma diferente. Era uma coisa divertida – diz o estudante.
Para os colegas, a atividade acabou também virando motivo de diversão: alguns participavam do processo de criação, outros ficavam na expectativa para saber como o trabalho seria apresentado naquela semana. E o professor, o que achou?
– Achei sensacional, é muito criativo. Eu também ficava na expectativa para saber o que ele iria aprontar – relata o professor de Design e arquiteto Mario Ferreira.
Foi o primeiro semestre da disciplina de aspectos visivos e perceptuais do design no recém-inaugurado curso da PUCRS. E a criatividade acabou repercutindo para além da faculdade: postadas no site Reddit, as ideias do estudante logo receberam quase 2 mil curtidas de vários cantos do mundo.
A cartada final, na última aula do semestre, foi a que mais chamou atenção: depois de perguntar ao professor "como ele estava de camisetas", o jovem entregou uma peça com a resenha toda impressa na parte da frente. Ferreira, claro, gostou:
– É uma via de mão dupla: o aluno tem esse estímulo e acaba também motivando o professor. Fazia anos que eu não me empolgava tanto.