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Alterações nos horários de chegada e partida, problemas de manutenção e a retirada em definitivo de uma das linhas de integração gratuitas, desde o início deste ano, estão causando revolta em passageiros que utilizam o catamarã entre Guaíba e Porto Alegre.
Quem mora ou trabalha nos bairros Jardim Santa Rita e Engenho acabou prejudicado pela decisão da Catsul, empresa que administra o transporte hidroviário, de encerrar o transporte dos passageiros entre estes dois bairros e a estação hidroviária de Guaíba.
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Moradora do Bairro Santa Tereza, em Porto Alegre, e professora em uma escola no Santa Rita, Raquel Alves Gomes, 25 anos, aumentou em duas horas o trajeto entre a casa e o trabalho, desde a suspensão da linha integração. Sem o serviço que a deixava na porta da escola todos os dias, a professora e outras colegas estão optando pelo ônibus semi-direto do bairro – R$ 15,90 (ida e volta).
– Não vou pagar mais R$ 7,50 por dia (ônibus municipal), além dos R$ 20,20 do catamarã, para trabalhar. Tirar a integração prejudicou muitos trabalhadores deste bairros – justifica a professora.
Junto com colegas de outras escolas e moradores dos bairros prejudicados, Raquel está organizando um abaixo-assinado pedindo o retorno da linha, pelo menos, nos horários de pico.
Porém, a Catsul alega que a redução de usuários na linha tornou inviável o custo do fretamento até a hidroviária. Por dia, a empresa afirma que eram transportados cerca de 70 passageiros entre estes bairros – os mais próximos de Porto Alegre, a 23km – e a hidroviária. Já os moradores falam em 150 usuários/dia.
Em nota, a Catsul afirma que "avalia outras possibilidades de atendimento aos bairros Santa Rita e Engenho". A empresa afirma estar "bem adiantada nas negociações para uma parceria com o transporte urbano de Guaíba". "Se tivermos sucesso, 100% dos bairros serão contemplados com a integração", diz a nota.
Sem climatização
Passageiros também relatam que, em pelo menos seis oportunidades, entre janeiro e fevereiro deste ano, viajaram com as portas abertas por falta de ar-condicionado.
Conforme a Catsul, a sujeira das águas do Guaíba vem afetando o sistema de alimentação do gerador responsável pelo funcionamento dos equipamentos de climatização. A empresa afirma que "os catamarãs têm manutenção preventiva semanal, com observação de todos os itens de navegação, tanto mecânicos quanto de segurança, higiene e conforto".
Efeito da crise econômica
Outro problema apontado por quem usufrui do transporte hidroviário é a redução de horários, fato confirmado pela Catsul. Segundo a empresa, houve adequação da oferta. Por falta de passageiros, aos domingos, por exemplo, foram retirados o primeiro e o último horários no sentido Porto Alegre-Guaíba.
A Catsul garante que segue atendendo ao número de viagens estabelecido em contrato com a Metroplan – pela tabela na internet, são 32 viagens diárias de segunda a sexta-feira, 24 aos sábados e 18 aos domingos.
Inaugurado em 2011, nos primeiros anos, o sistema teve picos de até 4 mil passageiros nos finais de semana. Hoje, recebe cerca de 2 mil usuários por dia – entre os motivos para a queda, a empresa cita a crise econômica e o desemprego. Três embarcações – duas com capacidade para 122 passageiros e uma para 150 – fazem o trajeto pelo Guaíba.