
Cerca de nove milhões de estudantes devem fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano. Entre as provas, que serão aplicadas nos dias 5 e 6 de novembro, a de redação é uma das que mais tira o sono de boa parte dos concorrentes. Para outros, porém, ela representa uma forma de se destacar e aumentar a pontuação perante os concorrentes.
Quando o professor está na internet
Independentemente do caso, a redação vale mil pontos, o que faz com que uma boa performance no texto contribua, e muito, para o desempenho geral. Ler atentamente o enunciado e se ater ao tipo de texto proposto são os primeiros passos para uma boa redação. O professor paranaense Sérgio Degrande Júnior explica que o texto pedido é dissertativo-argumentativo, o que significa que o aluno deverá defender um ponto de vista.
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– Não é uma questão de ser a favor ou contra. O aluno tem que problematizar e apresentar, no final do texto, as soluções para o problema que foi levantado – acrescenta Degrande. Para Natalia Kerber, 19 anos, que tentará uma vaga para Medicina na UFSM, problematizar é uma preocupação.
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– Como a redação do Enem tem um peso muito grande, a pressão por uma boa nota é a maior inimiga na hora de propor uma intervenção e buscar solucionar o problema – diz.
Professor de Redação do Mano a Mano Cursos, Paulo Cervi alerta que as soluções devem ser factíveis e respeitar os direitos humanos:
– Dizer que a solução para a segurança é eliminar os bandidos pode ser fatal no Enem.Entre os temas que poderão ser cobrados para o texto este ano, as apostas dos professores giram em torno de questões voltadas à acessibilidade, racismo, mobilidade urbana, resíduos sólidos e a entrada em vigor da lei antibullying. Mas, mais do que tentar adivinhar o tema da redação, o aluno deve se preparar, ou seja, ler, escrever e acompanhar os assuntos da atualidade que podem ser cobrados no exame.
– A estrutura de redação é simples, fácil de ser compreendida por todos. Os alunos pecam na falta de leitura informacional. Eles não leem jornais, revistas, e estas informações são determinantes para uma nota mil – explica a professora de Redação do Riachuelo Vanessa Pagnussat.
Não descuidar das questões gramaticais e da pontuação é outro ponto fundamental para garantir uma boa redação, lembra Cervi.
Abaixo, veja dicas para tirar uma ótima nota na prova
Rumo à nota máxima
800 pontos
Conquistar uma nota acima desta marca deve ser a meta dos candidatos. De acordo com a professora Cleuza Cecato, é a partir daí que a redação começa a fazer diferença na média do candidato, possibilitando, inclusive, que ele almeje vagas nos cursos mais concorridos
Mantenha-se fiel à estrutura do texto
O tipo de texto cobrado no Enem exige do aluno não apenas discutir sobre um tema específico, mas apresentar soluções para ele. Para organizá-lo, o aluno deve prestar atenção à divisão dos parágrafos e pode seguir o seguinte esquema: apresentação do problema, argumentação sobre sua gravidade e a importância de sua solução e a resolução do mesmo. Nesta última, o aluno deve tanto reconhecer iniciativas já existentes quanto propor ações para resolver a questão.
– A tendência é a de os alunos empurrarem a resolução para os outros, para o que chamam de “o governo” ou “as pessoas”. A proposta (de solução) não pode ser genérica. Ela deve ser a mais concreta e detalhada possível – acrescenta o professor Wellington Wella.
Use o rascunho
Fazer o rascunho do texto é um passo praticamente obrigatório para a prova de redação. É nele que o aluno pode errar, apagar e refazer, se necessário.
– O rascunho é o espelho da redação. (Nele o aluno pode avaliar) se os parágrafos estão bem construídos, se está usando bem as conjunções e as preposições, se há erros de concordância ou repetição de palavras – acrescenta o professor Sergio Degrandi Júnior.
Segundo o professor João Filipe Magnani, cerca de 20 a 30 minutos são necessários para que o estudante faça a revisão e passe a limpo o texto. Para isso, ele poderá utilizar tanto a grafia cursiva quanto a de forma, desde que a letra seja legível e diferencie maiúscula e minúscula. Caso ocorra algum erro na hora de transcrever o conteúdo para a folha definitiva, a orientação é passar um traço sobre a palavra e reescrevê-la corretamente ao lado. Quanto menos intervenções, melhor.
Respeite os limites
Adequar o texto ao limite de linhas exigido pela prova é outro ponto que demanda atenção dos alunos. De acordo com o edital, textos de até sete linhas receberão nota zero por serem considerados “insuficientes”. Este número também é considerado muito baixo pelos professores, pois não possibilita ao aluno desenvolver a argumentação. O máximo, por sua vez, não deve ultrapassar as 30 linhas propostas, limite a partir do qual o conteúdo é desconsiderado na correção. O título conta como uma linha do texto, mas é facultativo. Por isso, a orientação é a de que ele seja utilizado como estratégia argumentativa, uma “isca” para o texto, e não somente como um recorte sobre o tema
Gerencie o tempo
Mesmo com uma hora a mais no dia da prova, o tempo continua sendo um dos maiores inimigos da redação. Os professores dizem que este é um prazo curto para a elaboração do texto, o que demanda planejamento por parte do aluno. O professor Paulo Cervi sugere que o aluno não passe mais de 50 minutos fazendo a redação para não comprometer o resto da prova. Ele sugere que o estudante comece pela redação para poder desenvolver melhor suas teses.
– Depois de resolver 90 questões, o aluno estará cansado e poderá não conseguir desenvolver bem o texto – explica.
Outra estratégia é tentar ganhar tempo nas provas de Matemática e Linguagens e Códigos para transferir o “saldo” para a redação. Esta medida também permite que o rascunho “descanse” antes que o aluno volte para revisá-lo, o que pode facilitar a visualização de erros.
Treine a redação
Da mesma forma que para responder às questões objetivas, o aluno deve estudar para fazer a redação. Escrever é habitualidade, não é um processo acumulativo. Não dá para deixar para estudá-la no último mês.
A professora Vanessa Pagnussat diz que, no cursinho, os alunos são estimulados todas as semanas em sala de aula. Mas as produções também devem ser feitas em casa, como dever. O ideal é que o aluno produza, ao menos, um texto por semana e leve-o para o professor corrigir, refaça-o e escreva uma nova redação, e assim sucessivamente. Degrande também lembra que, para produzir um bom texto, o aluno precisa ter repertório. Para isso, a orientação é ler jornais e revistas e acompanhar o noticiário.
– Ler os editoriais é um belíssimo caminho para o aluno aprender sobre a estruturação do texto, as ferramentas de construção argumentativa que pode utilizar – acrescenta o professor.