Praticar o desapego, reaproveitar ou trocar itens esquecidos, guardados e pouco usados do guarda-roupa já era possível com os brechós. Antigamente associados a cheiro de mofo, eles viraram ponto de venda de peças exclusivas e agora ganham popularidade na internet, onde a busca pelo look com preço atrativo têm gerado muitos cliques. Em Santa Catarina, aumentam as opções de lojas online com roupas, calçados e acessórios de segunda mão. Um dos termômetros para isso é o aumento do movimento nos Correios.
Basta ir até uma agência da empresa estatal responsável pela entrega de correspondências no Brasil e constatar o fluxo de caixas de papelão ou sacolas plásticas com o selo dos brechós online. O site Enjoei e o Garimpário, esse último de Florianópolis, são os campeões de postagens. No primeiro deles, consumidores cadastrados podem comprar e vender itens, inclusive novos. Já na empresa online catarinense, a aposta para vender uma média de 100 itens por mês está na consultoria de estilo prestada. Há, inclusive, editoriais à disposição dos clientes virtuais.
O sócio-proprietário do Garimpário, Renato Kormives, 36, explica que a ideia de abrir a empresa surgiu a partir da necessidade que ele e duas amigas tinham de vender roupas que não usavam mais.
– Na época, não existia uma plataforma consolidada para isso, então criamos o nosso próprio site – conta.
Ele explica que desde o início a ideia era levar a proposta adiante porque o trio gostava de ir a brechós e garimpar itens interessantes que na maioria das vezes passam despercebidos:
– Selecionamos peças e criamos composições para que as pessoas consigam enxergar o valor agregado.
Reaproveitamento também ajuda o meio ambiente
Ainda há preocupação ambiental nesse novo cenário de consumo. A economia circular, que prega o reaproveitamento de tudo que é produzido, dá base à tendência e esgota o uso de várias peças. Isso é o que tenta incentivar a proprietária do Brechó da Lelê, Larissa Gattrienger Branco, 33, que comercializa online e offline todo o tipo de peças fornecidas por mais de 300 pessoas – a maioria de Florianópolis e São Paulo – onde a cultura de brechós está consolidada.
– Trabalhamos em um formato consignado, pelo qual quem quer vender uma peça pode pegar o valor em dinheiro ou trocar por outros itens que temos aqui. Hoje 60% ainda prefere o dinheiro, mas a minha expectativa é mudar isso. Porque é preciso pensar o lado sustentável disso – diz Larissa.
Empreendedora desde 2013, quando deixou o emprego fixo de produtora de eventos para ficar mais em casa com a pequena Helena, recém-nascida, ela começou o próprio negócio no ambiente online, abriu uma loja física no Shopping Trindade e, dentro de um mês, deve voltar com força à estratégia digital a partir do desenvolvimento de uma plataforma específica para venda de roupas e acessórios usados online.
– Brechós não têm sistema de venda. Fazem planilhado ou compram sistemas utilizados por lojas em geral, mas não é o ideal. Então desenvolvemos um sistema conectado ao e-commerce em que uma baixa no produto se dá tanto na loja quanto no site. Pretendemos vender para outros brechós – revela.