A pedido de pais, a coluna de hoje é sobre educação financeira. Como falar com os filhos, de pequenos até o começo da adolescência, sobre dinheiro? Venho de uma família de classe média na qual a regra era ter um "papo reto" sobre o assunto. Minha mãe fazia questão de não fazer referências tradicionais, como falar que o "dinheiro era sujo", para não causar uma relação ambígua com as cédulas e moedas. Explicava a situação real das finanças da família, não fazia grandes dívidas para satisfazer desejos de seus filhos e respondia de forma bacana aos questionamentos:
- A gente é rico, mãe? - perguntou, uma vez, o filho mais novo.
- Sim, temos a principais riquezas da vida: saúde, educação, comida e estamos juntos. As pessoas não valem pelo que têm, mas valem pelo que são - respondia a mãe.
Sou da tática de adotar um diálogo franco sobre o tema. É preciso explicar para os pequenos que o dinheiro vem do trabalho. Quando eles começam a aprender os números, ajudá-los a identificar o valor das cédulas e das moedas, sem deixar de esclarecer que existem muitas coisas e brincadeiras legais que são de graça. Auxiliá-los a entender o que é poupar, dando um cofrinho, estimular a compra dentro de limites de orçamento... Quando vão ficando maiores, ajudá-los a comparar preços, levar ao banco, falar da realidade orçamentária familiar, ensiná-los a fazer autoquestionamentos do como "realmente preciso disso?".
A pequena, que tem cinco anos, sabe um pouco o valor do dinheiro ou da falta dele. Se pede algo e vem a negativa, ela completa:
- Já sei mãe, não tem dinheiro, né?
Há quase um ano, ganhou um cofrinho, que vinha sendo abastecido, principalmente, com a ajuda de avós e tios. Na semana passada, ganhou uma carteirinha. No total, acumulou R$ 97 ao longo de um ano. Disse que iria usar o valor para comprar dois brinquedos em uma loja que costumamos frequentar - onde, na maioria das vezes, ela fica apenas olhando opções para o aniversário, Dia das Crianças, Natal... Antes de ir às compras, perguntou:
- Mãe, se precisar te dou o dinheiro.
Sorri e balancei a cabeça, negativamente. Após um hora na loja, ela saiu, faceira, com dois brinquedos novos.