Há pouco tempo atrás, depois que Alexandra Amin, assistente na Warner Brothers, terminou o relacionamento de uma ano com um agente que ela namorava, uma amiga lhe contou sobre um novo aplicativo grátis, para mulheres, que permite que elas avaliem, anonimamente, homens com os quais tenham amizade no Facebook.
- Ela falou: 'Ele é tão maluco, você deveria dar uma nota a ele no Lulu' -, disse Amin, de 29 anos, que mora em Los Angeles.
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Amin deu ao ex hashtags como #NuncaDormeFora e #SóQuerAmizade. Ele fez 6.9 pontos de 10, o que ela admitiu estar "mais baixo do que ele realmente merece".
No Lulu, as mulheres podem classificar os homens por categorias - ex-namorado, estou a fim, juntos, já fiquei, amigo ou parente - com um jogo de múltiplas escolhas. As mulheres, que têm o gênero avaliado pelo login no Facebook, adicionam hashtags cor-de-rosa no perfil de um cara, variando do bom (#ExcêntricoDoJeitoCerto), ao médio (#NuncaDormeFora) e ao ruim (#SóPensaNaquilo).
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As hashtags são usados para calcular uma pontuação gerada pelo Lulu, que varia de 1 a 10, e que aparece abaixo da foto de perfil do homem. (A porta-voz da empresa recusou-se a explicar a avaliação do algoritmo.) Os homens podem adicionar hashtags, que aparecem em azul, que não são somados à pontuação final.
Desde que foi inventado, no ano passado, por Alexandra Chong, formada em direito pela London School of Economics, o serviço forneceu um tipo de momento "Retome a internet" para jovens mulheres atingindo a maioridade em uma era de vingança pornô e pretendentes anônimos e, possivelmente, ameaçadores.
- O que me levou ao Lulu é o fato de que namorar sem referências é a coisa mais assustadora a se fazer. Conhecer alguém quando não se está na escola, ou não trabalha com essa pessoa, ou não tem amigos em comum - não dá uma ideia de onde está se metendo -, disse a atriz e escritora Erin Foster, de 31 anos.
Alexandra Chong, criadora do Lulu, ao centro
Foto: Elizabeth Lippman, The New York Times Service
Chong, de 32 anos, ex-membro da equipe de tênis Jamaica Fed Cup, está levando o Lulu de Londres para Nova York, onde ela diz que a audiência de seu aplicativo cresceu 600 por cento nos últimos seis meses, de acordo com a empresa de análise de tráfego Mixpanel.
- Nova York é a capital das tendências para as mulheres, e é lá que precisamos estar -, disse ela recentemente.
Sewell Robinson, de 24 anos, que mora em Nova York e trabalha para uma agência de propagandas, estima que 70 por cento das amigas usem o Lulu; ela já avaliou 10 homens no aplicativo, alguns com mais generosidade.
- Eu escrevi algumas avaliações para promover meus amigos. Se uma garota qualquer os conhecer num bar e ficar interessada de alguma forma, eu quero que eles tenham uma boa reputação no Lulu -, disse Robinson.
No entanto, ela também já criticou outros homens, de farra.
- Eu acho que, às vezes, as garotas sentem-se como se não tivessem muito poder no mundo da pegação, mas isso dá a elas um vínculo, e você pode dar conselhos a uma garota que você não conhece -, disse Robinson.
Chong teve a ideia do Lulu durante um brunch ébrio com as amigas no dia seguinte a um estranho encontro de Dia dos Namorados.
- Estávamos todas compartilhando histórias sobre homens, relacionamentos e sexo. Houve lágrimas e risadas -, disse Chong.
Ela concluiu que as mulheres precisavam de uma ferramenta de pesquisa específica para namoros - um "Homemgle".
- Quando você coloca um cara no Google, você não quer saber se ele vota nos Republicanos ou se ele escreveu um artigo na faculdade. Você quer saber se as sogras gostavam dele, se ele é educado e gentil -, disse Chong.
Chong fundou Lulu com a amiga Alison Schwartz, ex-assistente da agente literária Amanda Urban. Em fevereiro passado, elas arrecadaram 2,5 milhões de dólares em financiamento de pessoas como Yuri Milner, um dos primeiros investidores do Facebook, e Hosain Rahman, fundador do Jawbone.
Schwartz, de 35 anos, é a diretora editorial. Ela disse ter se inspirado nas revistas Cosmopolitan e Glamour para inventar a voz de apoio do aplicativo.
- Nosso objetivo era sempre parecer uma mulher jovem falando com as próprias amigas.
Atualmente elas empregam cerca de 30 pessoas e já assinaram um contrato de aluguel de um espaço bruto de 511 metros quadrados em Nova York, para onde elas planejam mudar a empresa no começo do ano que vem.
Chong não precisa mais ser usuária ativa do Lulu; ela está procurando um apartamento no centro da cidade com o namorado, Jack Brockway, um fotógrafo de 33 anos, sobrinho de Sir Richard Branson, fundador do Grupo Virgin, e irmão de Ned Rocknroll, o novo marido de Kate Winslet.
Chong e Brockway conheceram-se em janeiro em Maui em um evento de kite-surfing e lobby onde ela dava uma palestra e ele filmava um vídeo promocional. Eles ficaram juntos e depois seguiram caminhos diferentes.
Alexandra Chong com o namorado
Foto: Elizabeth Lippman, The New York Times
Uma semana mais tarde, eles se encontraram de novo, desta vez na Ilha Necker, propriedade de Branson, no Caribe, e tiveram outra noite de amor. No dia seguinte, Brockway sentou-se para assistir outra palestra de Chong sobre o Lulu, sem saber do plano dela de demonstrar o aplicativo avaliando o rapaz na frente dos amigos e família.
- As pessoas acharam que ela estava provocando -, disse Brockway, mostrando seu #SorrisoÉpico e coçando sua #BarbaPorFazer durante um jantar recente.
Desde então, Brockway recebeu várias outras avaliações (#OCaraSabeCozinhar), nenhuma tão brilhante quanto aquela escrita pela namorada mas, no entanto, ele tem uma pontuação excepcionalmente alta de 9,8.
- Não há nada que eu possa fazer sobre isso, exceto ser a melhor pessoa que eu puder. Ele inspira os homens a serem bons e a tratarem as garotas da maneira como deveriam ser tratadas: como anjos -, completou ele.
Nem todos os homens são generosos sobre a presença no Lulu, claro. No bimestre passado, Neel Shah, comediante, estava em um bar em Los Angeles em um encontro com uma mulher que verificou o perfil dele.
- Ela começou a ler essas hashtags negativas e eu falei: 'Bom, isso é constrangedor' -, disse Shah, de 30 anos, cujo perfil foi visto 448 vezes e "favoritado" oito vezes em uma média de 6,7. Os hashtags dele incluem #AltoMorenoELindo e #FazFaxinaDireitinho, juntamente com os menos interessantes #FazBirra e #OlhosPerdidos.
- Um dos comentários dizia 'tenho que fazer um esforço para rir das piadas dele', o que eu certamente achei subjetivo. Acho que se você usa um aplicativo como o Lulu, provavelmente você não está interessada numa análise minuciosa -, disse Shah.
Ainda assim, o Lulu recebeu mais de 500 mil pedidos de homens para serem avaliados. Aparentemente, muitos acreditam que é melhor ser mal avaliado do que nunca ter sido avaliado. Alguns homens foram ao Twitter para se gabar da pontuação ou pedir avaliações melhores. Ao receber uma pontuação de 6,5, Mike Isaac tuitou bravamente:
- Presumo que seja de uma escala de 1 a 5, claro.
Contudo, para Amin, de Los Angeles, a satisfação é mais imediata. Desde sua experiência inicial com o Lulu, ela avaliou três outros homens, incluindo um que lhe pediu em casamento no primeiro encontro. (#QuerFilhos, #ObcecadoPelaMãe.)
- É só uma coisa gratificante que você sabe que pode fazer. Você não tem controle sobre se um cara é ótimo ou um panaca e, no final da experiência, mesmo que ninguém leia, você se sente como se tivesse se vingado e assumindo um pouquinho de controle -, confessou.
Em VÍDEO, aprenda a usar o Lulu: