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Na rua, um calor escaldante. Dentro do carro, a dúvida: ligar o ar-condicionado pode aumentar o gasto de gasolina? Segundo especialistas, diversos fatores podem influenciar o consumo.
O sistema de ar-condicionado dos veículos é baseado no funcionamento do compressor, que comprime o gás refrigerante, aumentando sua pressão e temperatura.
— O funcionamento do compressor também é alimentado pela combustão. Ligar o ar-condicionado gasta, mais ou menos, uns 20% a mais de combustível — afirma Angela Beatrice Dewes Moura, professora do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Feevale.
Funcionamento do compressor
O compressor comprime o gás refrigerante, aumentando a pressão e a temperatura.
Esse gás, quente, passa pelo condensador, onde é resfriado e transformado em líquido. Depois, se expande e esfria no evaporador. Dessa forma, resfria o ar que será enviado para o interior do carro. Esse processo consome energia e, portanto, gasta combustível.
Fatores que aumentam o consumo
Alguns aspectos podem fazer com que o gasto de combustível por causa do ar-condicionado seja maior ou menor, garante Alberto Horing Júnior, especialista em ar-condicionado automotivo e empresário no ramo. A limpeza do filtro, a potência do equipamento e a idade do veículo podem influenciar no cálculo.
— O gasto vai ser mais elevado se botar a ventilação no máximo. Quanto mais vento precisar para refrigerar, mais combustível vai gastar. Já carros mais modernos e carros de luxo gastam menos — pontua.
Diferença entre carros mais e menos potentes
O especialista ressalta que, quanto mais moderno for o carro, mais eficiente é o sistema. Ou seja, consegue resfriar o carro gastando menos energia do motor. Para isso, é preciso ter um compressor de alto rendimento ou sensores e controles eletrônicos, que liguem e desliguem o equipamento conforme a temperatura.
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Angela reforça que o impacto é maior em carros menos potentes, como os 1.0. Em alguns casos, como dos carros turbinados, essa questão é um pouco mais relativa, já que o recurso ajuda na economia de combustível.
Além disso, Júnior destaca que carros mais caros, considerados de luxo, contam com sistemas superdimensionados, enquanto carros populares trabalham nos seus respectivos limites.
Isso significa que os automóveis mais simples têm capacidade para refrigerar apenas o necessário, enquanto os de luxo conseguem ter uma sobra de refrigeração. Dessa forma, o compressor trabalha menos e gela mais rápido do que um carro popular.
— O filtro do ar-condicionado, quando sujo, baixa o rendimento do ventilador. Então o sistema se esforça mais. Por isso, a recomendação é fazer uma revisão anualmente, para não gastar mais e não ter um susto lá na frente, quando o compressor estragar — acrescenta o empresário.
A professora da Feevale assegura, ainda, que para carros elétricos, a lógica de funcionamento é a mesma. Porém, ao invés de o compressor depender do combustível para operar, irá utilizar a bateria, causando um aumento no consumo.
Janela aberta não é significado de economia
Ao contrário do que muitos pensam, abrir as janelas para driblar o calor e poupar gasolina não é uma alternativa tão econômica quanto parece. Angela Beatrice Dewes Moura pontua que prática também impacta o consumo:
— As janelas abertas fazem o carro perder a aerodinâmica para qual ele foi projetado para consumir menos combustível.
Circular de janelas abertas aumenta o arrasto aerodinâmico. A explicação, segundo a especialista, é que o ar entra no veículo e cria turbulência, dificultando a passagem do ar ao redor do carro para sair pela janela.
Isso aumenta o atrito do automóvel com o ar, fazendo com que o motor precise trabalhar mais para manter a velocidade. Consequentemente, consome mais combustível.