A produção e a venda de veículos crescem e a exportação cai em 2024. O Brasil recupera oitava posição global de fabricantes e a venda de novos e usados de 14,2 milhões de unidades é o melhor resultado da história. Com a produção de 2.549.595 veículos, o país passou a Espanha entre os países produtores, liderados pela China, Estados Unidos e Japão. O balanço de 2024 divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta terça-feira (14) mostra o avanço de 9,7% na produção e 14,1% na venda. A exportação fechou com queda de 1,3%.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite destaca os altos volumes dos Estados Unidos, da China e do Japão, que são mercados de produção e consumo fortes. O executivo alerta para o crescimento da Índia, a quarta colocada, ao lembrar que o país com custos de produção mais baixos, começou produzir também para exportar.
A venda de 14,1 milhões de veículos leves novos e usados, o maior resultado na história do país, foi considerado pelo presidente da Anfavea como o fato mais representativo de 2024.
- Claramente, há uma demanda reprimida por transporte individual que vem sendo atendida de forma crescente, graças às melhores condições de crédito. Se essas condições melhorarem e se houver uma política de renovação de frota, mais pessoas poderão optar por veículos 0km”, afirmou.
No ano passado houve um aumento de 36% das concessões de crédito para financiamento de veículos novos e usados.
Produção e venda crescem
A produção de 2.549.545 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus aumentou 9,7% na comparação com 2023. Os automóveis e comerciais leves cresceram 8% com 2.380.594 unidades. Apenas automóveis foram 1.894.966, crescimento de 6,3%, e comerciais leves, 485.620, mais 8%.
O segmento de caminhões saltou 40,5% com 141.252 unidades sobre 100.535 unidades no ano anterior. O setor de ônibus também teve resultado significativo com 27.749 unidades e avanço de 34.7%.
A venda de veículos cresceu 14,1% na comparação com 2023, índice bem superior a média global que foi de 2%. A entidade dos fabricantes destaca que nenhum grande mercado do mundo cresceu tanto quanto o brasileiro em 2024. A média diária avançou 12% com o maior aumento no ritmo de vendas internas desde 2007.
Em 2024 foram vendidos 2.634.904, mais 14,1% na comparação com 2023. Foram 2.487.536 automóveis e comerciais leves, mais 14,1%. Apenas automóveis foram 1.948.681 registros, mais 13,2%, e comerciais leves 538.855, mais 17,1%.
A venda de caminhões cresceu 15,7% com 124.993 registros. O segmento de ônibus teve 22.435 emplacamentos, mais 9,8%.
Exportação cai
A Argentina trocou de posição com o México e voltou a ser historicamente o principal destino das exportações brasileiras. O embarque de veículos para a Argentina saltou 48% com 160.199 veículos, o equivalente a 40% do total exportado.
Depois de crescer 51% em 2023 na comparação com o ano anterior, em 2024 a exportação para o México despencou 25% com 95.533 unidades. O embarque para o Uruguai continuou em alta com incremento de 22% e 38.713 unidades ante os 5% de 2023. Todos os outros mercados caíram: Colômbia – 2% (33.819), Chile – 29 (19.346) e Paraguai -1% (11.727).
Em 2024 foram embarcados 398.484 veículos, menos 1% na comparação com o ano anterior. Foram 375.772 automóveis e comerciais leves, menos 1,6%, dois quais 295.666 automóveis (4,1%) e 80.106 comerciais leves (mais 8,65). Em valores, foram U$ 10,900 bilhões, menos 0,1% em relação a 2023.
Dezembro de 2024 fechou com o estoque de 236,7 mil veículos, dos quais 146,6 nas concessionárias e 86,1 mil nas montadoras. O volume corresponde a 27 dias, sendo 10 nos concessionários e 10 nas fábricas.
Salto na importação
As importações fecharam 2024 como o maior volume nos últimos 10 anos. Foram 466.505 registros, salto de 33% impulsionado pela entrada maciça de eletrificados, em especial da China.
O principal desembarque foi da Argentina com 224.757 veículos, o que representou 48% do volume e crescimento de 2% sobre 2023. Da China chegaram, 120.354 unidades, 26% do total e salto de 187% na comparação com o ano anterior. O México participou com 44.507 unidades (10%) e mais 43% em relação a 2023.
A entidade explica que se for considerado o estoque de carros chineses, o volume chega a 175 mil unidades e a importação passa para 521 mil veículos. De cada dois carros importados fora do Mercosul, um vem da China.
A venda de veículos eletrificados saltou cerca de 88% com 177,3 mil registros. Foram 61,5 mil carros elétricos, 59,6 mil híbridos plug-in e 56,2 mil híbridos.
O presidente da Anfavea defende que neste ano é preciso reequilibrar os volumes de exportações e importações, de forma a evitar um novo déficit na balança comercial, como ocorreu em 2024. “Temos um Imposto de Importação muito baixo para elétricos e híbridos, o menor entre países que fabricam veículos, o que nos torna um alvo preferencial de empresas” justificou.
Projeções e agenda 2025
A produção de veículos deverá crescer 7,8% neste ano com 2,74 milhões de unidades, das quais 2,58 milhões (mais 8,4%) serão automóveis e comerciais leves, e 169,4 mil (mais 0,2%) caminhões e ônibus. As projeções da Anfavea consideram as situações das taxas de juros e do câmbio.
Prioridades
Os principais focos de atuação da Anfavea junto ao governo, aos parceiros, à academia e à sociedade em 2025 foram divididos em sete prioridades:
1. Ampliar o mercado interno e a produção, retomando o patamar de três milhões de unidades vendidas até o próximo ano
2. Reequilibrar a balança comercial, ampliando as exportações e contendo o excesso de importações
3. Qualificar compras públicas de máquinas e veículos sem prejuízo à indústria local, ao emprego e à inovação
4. Promover a descarbonização com foco na matriz energética e nos recursos brasileiros, com participação destacada do setor na COP 30, este ano em Belém (PA)
5. Reforçar o laço com os trabalhadores brasileiros em termos de capacitação e ambiente de trabalho
6. Criar uma política perene de renovação da frota com foco na sustentabilidade e na segurança
7. Priorizar o desenvolvimento e a produção de novas tecnologias no Brasil
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