Já houve tempos em que estrelas do passado eram vistas com restrição no ambiente da Seleção Brasileira. Existia uma rivalidade velada entre gerações, algo que ficou muito saliente nos anos 1990, inclusive na conquista do Tetra em 94. Hoje o que se vê é um ambiente de harmonia e reverência com figuras como Zinho, Júnior, Roque Júnior e Pedrinho, os mais assíduos nos treinamentos canarinhos.
Zinho e Júnior são os mais assíduos, com intimidade e liberdade ampla com outros ex-craques que hoje são da comissão técnica. Após a entrevista quádrupla com Ricardo Gomes, Juninho Paulista, César Sampaio e Taffarel, os ex-craques, hoje comentaristas, foram chamados para fotos que terminaram em aplausos da plateia como reconhecimento.
Tradição gaúcha
Alex Telles será titular da lateral esquerda brasileira contra Camarões e pode seguir como tal, dependendo da recuperação de Alex Sandro. Ele quer seguir uma sina vitoriosa de laterais gaúchos na Seleção que começou com o santa-mariense Oreco, suplente de Nilton Santos e campeão mundial em 1958.
A saga seguiu com o porto-alegrense Everaldo, titular no tricampeonato no México em 1970. Coube em 1994 ao bageense Branco assumir a vaga no lugar de Leonardo para fazer um gol importantíssimo contra a Holanda e marcar o seu na decisão por pênaltis do Tetra contra a Itália. Agora a vez é do caxiense Alex.
Família Telles
Era difícil dizer o que deixava mais feliz a família de Alex Telles na noite de terça-feira na saída do Grand Hammad Stadium: se a chance de o jogador assumir a titularidade da Seleção ou o fato de todos poderem jantar juntos, tendo um raro momento de convivência familiar.
Seu José, pai do lateral, foi comedido, dizendo que "tem de ir aos pouquinhos" para aproveitar a oportunidade, mas garantindo que o garoto está pronto. No início da noite de Doha, a maior preocupação era a demora do veículo de aplicativo que os levaria a um restaurante. Junto com Alex, o meio-campista Fred, companheiro dos tempos de Manchester United, também se mostrava animado com a mini-folga ao lado da mulher e do filho.
Banheiros fedorentos
Há muita preocupação no Catar para que todas as instalações da Copa funcionem e estejam bem apresentadas, sejam elas as mais novas e modernas ou aquelas que já existiam antes do projeto do mundial. Não faltam pessoas para trabalhar na manutenção ou operação dos mais diversos locais. Há, porém, um aspecto surpreendentemente ruim, a higiene dos banheiros em lugares públicos ou mesmo nos privados.
Não há um serviço de limpeza permanente e é comum ver cestos de lixo transbordando de papeis ou vasos sanitários que espantam os usuários pelo mau cheiro. Isto vale para estádios, restaurantes e até no CT da Seleção Brasileira.
O Fenômeno
Ronaldo é o maior brasileiro na Copa do Mundo do Catar. Nem os craques do time de Tite, a começar por Neymar, podem ser comparados em carisma e história ao Fenômeno. Seja como um dos maiores jogadores da história, embaixador da Unesco, megaempresário do futebol, ele é tudo e mais um pouco, ainda que seja estranho vê-lo com trajes clássicos como paletó e gravata.
Quando ele apareceu no telão do Estádio 974 em Brasil x Suíça, causou uma vibração maior do que praticamente todos os jogadores em campo quando anunciados. Ao final do jogo, retardando bem a saída para não gerar tumulto, não escapou da massa, principalmente dos funcionários do estádio, retribuindo o carinho com sorrisos e atenção.
Na manhã seguinte, o astro estava como principal atração na homenagem aos jornalistas com mais de oito Copas na carreira e dividindo o estrelato com os homenageados, entre eles Pedro Ernesto Denardin e Galvão Bueno.