
O Brasil vive um raro momento de tensão dentro de sua seleção de futebol. O mundo, por vezes mágico e glamoroso, da mais vitoriosa equipe do mundo, a única pentacampeã, está em meio a uma crise que precisa se definir entre a preguiça ou a cidadania. Sem explicarem o motivo pelo qual não estão querendo participar da próxima Copa América, recentemente endereçada para nosso país, os atletas dão margem a duas interpretações bem distintas.
A primeira delas é a mais simplista e diz respeito ao fato dos jogadores que atuam na Europa quererem tirar férias por estarem extenuados de uma temporada altamente desgastante. Esta seria também a justificativa mais rasteira, uma vez que teria sido levantada apenas na última semana, especialmente depois do Brasil ter assumido o torneio sem consulta aos profissionais que atuam na Seleção.
Por que só os brasileiros falariam em férias? Os argentinos, uruguaios, colombianos e todos os outros que atuam no futebol europeu também não estariam precisando descansar? E o que falar dos próprios atletas que lá atuam e agora estão vibrando por perderem o período de descanso para participarem da Eurocopa? A se confirmar tal versão referente ao elenco do Brasil, poderemos dizer que temos um selecionado de preguiçosos.
A segunda hipótese é mais respeitável. Profissionais do futebol estão vendo o mais antigo torneio de seleções do mundo ser achincalhado, com sua sede sendo pingada de país em país em meio a uma pandemia. Nem precisaria, aliás, se falar na crise sanitária mundial.
A Copa América de 2021 está muito menor do que as outras edições pelo exagero na necessidade de sua realização para evitar uma crise financeira da Conmebol. Neste sentido, jogadores importantes de outros países, como o argentino Sergio Agüero ou o uruguaio Cavani, já disseram que a disputa, nestas condições, não é recomendável.
Eles jamais falaram em férias ou desgaste. Se os brasileiros, liderados por Neymar e Thiago Silva, entre outros, expuseram isto ao presidente da CBF e ameaçam uma ação mais forte, estarão corretos. A vulgarização da competição, o momento pandêmico e a situação triste vivida pelo Brasil formam uma combinação digna para, no mínimo, um protesto veemente.