
A passagem de Miguel Ángel Ramírez no Inter certamente frustrou a direção colorada mais até do que o torcedor. Se o desempenho não mais do que mediano da equipe chegou a irritar a torcida, o sentimento de fracasso na aposta em alguém inédito no futebol brasileiro, jovem e com pretensões táticas revolucionárias está presente nos dirigentes. Menos mal para o clube que houve uma revisão de conceitos e, sem perder as ambições, a busca de um substituto capaz de corrigir problemas apresentados pelo espanhol. Diego Aguirre é um acerto.
Duas coisas fundamentais que eram exigidas pela direção do Inter seguem intactas com o novo treinador. Aguirre não propõe o jogo reativo. Sua filosofia é ofensiva, de intensidade, marcação alta e pressão sobre o adversário. Da mesma forma, o compromisso do aproveitamento de jovens já foi provado no próprio Inter em 2015, que o digam William, Rodrigo Dourado, Jeffesson, Valdívia ou Allan Costa. Todos mereceram oportunidades. Alguns se consagraram, outros nem tanto, mas naquele momento foram bem.
A grande vantagem nesta correção de rota dos dirigentes colorados com a contratação de Diego Aguirre é que volta ao Beira-Rio alguém que sabe o endereço do estádio, conhece a grandeza do clube, demonstrou total integração com seu elenco na primeira passagem e tem vivência com títulos no futebol brasileiro. Não seria hora para mais uma aposta em profissionais exóticos ao contexto do clube. Até as cobranças e os temores quanto ao trabalho do uruguaio e sua equipe são mais fáceis de administrar.
A fragilidade física apresentada pela equipe de Aguirre em 2015 foi um dos pontos mais comentados na época e agora. Diferente daquela oportunidade, o treinador e seu preparador físico, o influente Fernando Piñatares, chegarão sabendo das obrigatoriedades para uma mudança de imagem. Eles contarão também com aquela que é a grande novidade imposta pela diretoria, a figura do multicampeão Paulo Paixão supervisionando o trabalho e acrescentando muito na convivência de grupo. O campo pode desmentir, mas, até a bola rolar, a correção de rota colorada tem tudo para funcionar melhor do que o plano original que tropeçou no exagero no ineditismo e naufragou pela falta de experiência.