Embora ainda seja um justíssimo anseio de Renato Portaluppi, seu sonho de um dia treinar a Seleção Brasileira está mais distante. A cogitação do nome do ex-técnico do Grêmio surgiu num momento em que seu time encantou o Brasil, entre 2016 e 2018.
Ali estava um comandante de presença forte, ideias claras, destemor, carisma e resposta dentro do campo, seja com desempenho ou resultados. O país inteiro o admirava, os formadores de opinião o colocavam na linha sucessória de Tite como número 1 — e bem destacado.
A recente saída de Renato do Grêmio mostrou que ele já não era solução no seu maior reduto, a casamata gremista. Seu time não tinha mais a magia de outros tempos. Os quase cinco anos de cargo criaram desgastes, nos gabinetes e em outras áreas, muito em função dos resultados que foram minguando.
Até aí, algo normal já que o simples fato de ficar por tanto tempo já é uma enorme virtude. O problema, porém, é outro: faltou a receita para se reinventar, para mostrar o algo mais, ou diferente. Quem é observado para dirigir uma seleção precisa apresentar novidades. Elas não vieram na sua própria casa, no lugar em que ele tem a maior liberdade possível.
Além do futebol gremista ter decaído, algo que não tiraria nada do vitorioso currículo de Renato, houve fatos que já não foram mais encarados como meritórios e que distanciam o treinador do sonho de servir à Seleção.
Suas entrevistas no último ano, enquanto comandante do Grêmio, exageraram no tom de confiança e provocação a adversários de campo e críticos de seu trabalho, expondo-o quase ao ridículo após a sucessão de derrotas decisivas, como a eliminação com goleada do Santos na Libertadores 2020, as duas derrotas na final da Copa do Brasil para o Palmeiras ou a recente desclassificação para o Independiente del Valle na fase preliminar da Libertadores.
Renato Portaluppi se expôs demais e deu armas a quem não confia plenamente no seu talento e o julga pela figura. Sua distância para o cargo hoje ocupado por Tite aumentou muito.
Numa eventual troca de comando após a Copa do Mundo do ano que vem, é possível que o ex-técnico gremista hoje esteja atrás até da polêmica ideia de um estrangeiro dirigindo o Brasil. As cortinas de fumaça com frases de efeito nos momentos ruins de seu time criaram desconfianças onde havia admiração profunda. Para buscá-la novamente, só com trabalho e sucesso, algo que pode não vir antes de 2023.