Sobrou para Romildo Bolzan Júnior a espetacular atuação do jovem Tetê pelo Shakhtar Donetsk diante do Real Madrid pela Liga dos Campeões. Ainda antes de terminar o jogo, já pipocavam em redes sociais mensagens de torcedores tricolores criticando que o Grêmio tenha negociado um jovem tão talentoso sem utilizá-lo na equipe principal. Aí sobra para o presidente. De quando em quando surgem reparos pontuais ao dirigente tricolor que está em seu terceiro e último mandato e nestes momentos acaba sofrendo ações como se ele tivesse uma oposição, algo que formalmente foi neutralizado em suas gestões.
Desta vez foi o sucesso de Tetê. Há algum tempo, vêm sendo feitas referências à vida política partidária de Romildo, algo que já existia muitíssimo antes dele assumir o clube . Já houve oportunidades em que mensagens do dirigente a seus correligionários de partido "vazaram" para gremistas em grupos de whatsapp, bem como surgem alusões a uma possível candidatura ao Palácio Piratini em 2022. O tom normalmente é de reprovação e, volta e meia, acaba associando eventuais resultados ruins do time ou problemas com contratações. Assim são engordadas as críticas. Há ainda a versão de que o presidente não está preocupado com o elenco porque quer comprar a Arena e para tal mobiliza esforços e direciona recursos.
A verdade é que muitos, praticamente a totalidade, dos movimentos políticos tricolores fiscalizam Romildo Bolzan e nem todos querem colocá-lo como um dos maiores presidentes da história gremista. A totalidade, porém, está cuidando das atitudes do dirigente para saber sua tendência para futuramente apontar um sucessor, mesmo faltando dois anos para a eleição. Há os que almejam esta indicação para a seguir um trabalho que até agora é de sucesso. Outros se intimidam em dizer que são oposição, mas agem como tal, enfrentando a dificuldade de ser contra uma gestão aclamada e que motivou até mexida no estatuto para ser mantida. É como se, veladamente, ficasse o recado: "Romildo é muito bom, mas comete erros".
É complicado aos gremistas se oporem ao presidente. Competente como gestor, hábil como político e vencedor como comandante do clube, ele garante que não dividirá sua atenção com uma eventual aspiração política púbica. Nem todos acreditam nisso. O PDT trabalha abertamente seu nome para concorrer em 2022 e acaba fomentando especulações. Até o fim do mandato no Grêmio, certamente Romildo conviverá com perguntas, críticas procedentes e inerentes ao cargo, pressões e contestações. É do jogo, bem como o soar nem sempre barulhento, mas intermitente das cornetas. Quem o conhece, aposta que ele não ignora isto e tira de letra.