Não existe marca maior no Rio Grande do Sul do que o Gre-Nal. Há um consenso brasileiro e reconhecimento no exterior de que o clássico gaúcho é o de maior rivalidade no país, superando confrontos gigantes como o Fla-Flu, Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Vasco ou Cruzeiro e Atlético-MG. Não é pretensão ou gauchada. É a “festa brava” do nosso povo, como certa vez descreveu o escritor Tabajara Ruas.
Em 2009 o clássico completou cem anos de existência e, praticamente na data que marcava o aniversário, foi disputado pela vez de número 377. O jogo, por capricho da CBF, não foi no dia 18 de julho, quando haveria a coincidência do Centenário. Ocorreu um dia depois no Estádio Olímpico. Tinha bons ingredientes com um Grêmio, dono da casa, tendo como comandante Paulo Autuóri e figuras importantes na equipe como Tcheco, Souza e o ataque argentino de Herrera e Máxi Lopez.
Do outro lado, o Inter, treinado por Tite, vinha com uma formação praticamente igual à campeã da Copa Sul-Americana, sete meses antes e que tinha passeado para ganhar o Gauchão. Até aparecia o time colorado de Nilmar, Taison, D’Alessandro e Guiñazu como favorito, algo que a história do jogo tratou de negar.
Em comum entre as duas equipes naquele momento havia fracassos recentes, com o Grêmio sendo eliminado pelo Cruzeiro nas semifinais Libertadores e o Inter tendo perdido para o Corinthians na final da Copa do Brasil. O contexto, porém, importa pouco. Talvez a vitória tricolor por 2 a 1 e de virada, também não encerre a história daquele jogo, mesmo que o gol de Maxi López seja inesquecível para muitos gremistas. O jogo foi bom, a reversão de placar foi emocionante, mas faltou marketing para aquele confronto e até hoje sentimos isto.
Antes mesmo da partida, cabia apenas à imprensa dar destaque para o centenário do clássico. Não houve sequer uma manta, um boné, um chaveiro ou um adesivo fazendo alusão àquilo. Nenhuma linha de produtos foi lançada, ou evento público ocorreu, exceto o jogo em si. Onde há um objeto dizendo “Eu estive no Gre-Nal do centenário”, seja em azul ou vermelho? Faltou trabalho em conjunto dos rivais para antecipadamente celebrar o encontro que sempre os engrandeceu.
Tal jogo era para ser efusivamente promovido, ter valido taça ofertada por Federação Gaúcha de Futebol, CBF ou governo do Estado. Temos de saber cultuar mais este tipo de fato. Certamente o torcedor compraria a ideia. Pelo menos, nesta semana, o projeto Saudade do Esporte está nos levando a lembrar deste vigoroso jovem que já vai para 111 anos e que teve uma festa sem o verdadeiro bolo em 2009. Era para ter sido muito mais do que um jogo de futebol no dia 19 de julho daquele ano.