Para muitos torcedores ele foi o maior volante da história do Grêmio. Símbolo da garra da equipe vitoriosa comandada por Luiz Felipe Scolari na década de 1990, dono de técnica apurada, excelente nos arremates e preciso nos passes, Dinho é ídolo mesmo 20 anos após encerrar a carreira. O "Cangaceiro dos Pampas", como foi apelidado, ou "Dinho do Grêmio", nome adotado por ele, foi atração do Cardápio do Zé de outubro no Gaúcha Sports Bar.
Durante uma hora, o ex-jogador recordou passagens de sua carreira e fez análises sobre o Grêmio e a Seleção Brasileira atuais. Dinho está muito confiante numa classificação tricolor para a final da Libertadores.
Mesmo com o Flamengo podendo jogar pelo zero a zero no Maracanã, o volante campeão da América em 1995 vê boas possibilidades para o time de Renato Portaluppi.
— Acredito muito no Grêmio. Claro que o momento do Flamengo é muito bom, mas nada é definitivo com uma vantagem tão pequena. O futebol permite estas quebras de expectativas. Olha o Palmeiras. Eu fui um que dava como certa a conquista do Brasileirão, mas o time não deve mais ser campeão. As coisas mudam e o Grêmio tem time e técnico para chegar a um Maracanã lotado e levar vantagem, como quando conquistou a Copa do Brasil em 1997 — comentou.
Dinho é admirador do time de Renato e diz que gostaria de ter jogado numa equipe assim:
— Claro que eu queria jogar em time como este do Grêmio. Ele valoriza a bola, como o São paulo do Telê Santana fazia nos anos 1990 comigo como um dos volantes. Eu fiquei com a fama do jogador que pegava pesado, e até pegava mesmo, mas sempre gostei de jogar com bola tocada. Sempre tive bom passe, sabia driblar e chutava bem. Aqui no Grêmio do Felipão é que mudei um pouco a característica e comecei a chegar mais forte.
Analisando o atual time gremista, Dinho cita Maicon como exemplo de quem executa muito bem o trabalho na função de volante.
— O Maicon tem muita qualidade. Pensa o jogo e acerta muito os passes. Ele sabe cadenciar a partida. Eu era também bom de passe, marcava mais e articulava menos.
Quando desafiado a comparar os times de Felipão nos anos 1990 e o de Renato nas últimas temporadas num hipotético jogo, Dinho não titubeou:
—Se estes dois times se enfrentassem, o Grêmio do Felipão venceria o do Renato, mesmo que a atual equipe seja excelente. Tínhamos muitas individualidades de alto nível e força coletiva muito grande. Seria um jogão, são dois estilos diferentes e bem executados.
Sobre a fama de jogador violento, Dinho rebate o rótulo. Mas admite que "pegava pesado":
— Eu não dava moleza. Pegava forte mesmo, mas tinha qualidade técnica. Se não tivesse, jamais teria sido titular com o Telê Santana. Ele não admitia futebol mal jogado.
Dinho lembrou os títulos mundiais pelo São Paulo, falou da passagem pela Seleção em 1993 e disse que lhe agrada o trabalho de Tite, aproveitando para elogiar Casemiro, atual volante titular da equipe.
— O Casemiro me representa. Tem força, qualidade para desarme, saída de jogo e faz gols. Ele tem uma vantagem em relação ao que eu fazia, já que cabeceia bem e eu nunca fui bem na bola aérea.
Dono de simpatia da torcida do Grêmio, Dinho diz que nunca foi cobrado pelo pênalti perdido na decisão do Mundial contra o Ajax, mas que é reconhecido pelo gol na decisão da Libertadores daquele ano. Em termos de gol, não tem dúvidas em apontar o marcado contra o Olímpia, em Assunção, em 1995, como o mais bonito de sua carreira.
Confira a íntegra da entrevista de Dinho no Cardápio do Zé
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