A capital do Paraná é velha conhecida, lugar para onde vou de tempos em tempos. Por isso, a versão de hoje do Algumas horas em…, inspirada no 36 Hours do New York Times, não é um roteiro básico, tradicional.
São sugestões de quem já passou pelo Jardim Botânico, pela Ópera de Arame, pelo Museu Oscar Niemeyer, pela feirinha do Largo da Ordem, pelo Rua XV, pelo Centro Histórico e o Mercado Público, mas sempre procura uma novidade, um recanto ou novo restaurante para conhecer.
Vamos ao roteiro, feito sem pressa nenhuma, ao longo de um final de semana.
Memorial Ucraniano
No Parque Tingui, um dos mais bonitos da cidade, surge imponente a réplica da antiga capela de São Miguel, da Serra do Tigre, em Mallet (PR). O templo inaugurado em 1995 (e todo o entorno) integra o Memorial Ucraniano, homenagem à colonização ucraniana no Paraná — cerca de 45 mil ucranianos teriam chegado àquele Estado entre 1891 e 1914.
No interior da igreja em estilo bizantino, construída em madeira, diligentemente limpa e cuidada, há uma coleção de pêssankas (ovos, dos mais variados tipos, dos de madeira aos gigantes de avestruz, todos pintados à mão).
No lado externo, uma escultura representa uma pêssanka gigante (foto ao lado), onde as crianças, particularmente, adoram tirar fotos. Há ainda um campanário, também em madeira, um palco, um jardim cuidadíssimo e uma loja de suvenires, na qual comprei um vaso minúsculo ornado com palha de trigo tingida, que veio acompanhado da simpática explicação sobre a técnica usada pelos artesãos.
Fica na Rua Dr. Mba de Ferrante, s/nº, Parque Tingui, e funciona de terça a domingo, das 10h às 17h45min.
Um restaurante português
Ele não é antigo, mas é tradicional. O Armazém Português segue as receitas portuguesas de Gabriela André, avó dos proprietários, com um cardápio enxutinho focado em pratos com bacalhau (se você estiver acompanhado de alguém que não aprecia o peixe, não se assuste, há umas poucas e boas opções de filé e massas também). No meu caso, fui de bacalhau do início ao fim, começando com uma porção de bolinhos, seguido de um bacalhau às natas. Para sobremesa, toucinho do céu, uma torta de amêndoas servida morninha. É perfeito para almoço de domingo, lugar com cara de casa de família, aconchegante. Não exagere no pedido dos pratos. As porções são enormes.
Fica na Rua Moysés Marcondes, 440, no bairro Juvevê. Aos domingos, funciona das 11h às 16h.
Uma confeitaria no 40º andar
3 - Eu tinha curiosidade em conhecer esta unidade da Confeitaria Curitibana, inaugurada no ano passado, desde que recebi e publiquei fotos de seus doces homenageando pontos turísticos da cidade (o Museu Oscar Niemayer, as estações-tubo, as floreiras da Rua XV…). E também por eles terem acrescentado nas receitas doces e salgados das mais diferentes origens: russos, uruguaios, árabes, franceses, argentinos, brasileiros… Mas, principalmente, por ficar no 40º andar de um dos edifícios mais altos da cidade. Os doces não decepcionaram e os cafés têm uma variedade e qualidade excelentes (além do meu, o turco Kahve, provei outros quatro escolhidos pela mesa). Como funciona das 12h às 20h, a dica é ir para um lanche da tarde ou para um drinque acompanhado do pôr do sol. No sábado em que fui, o dia cinzento abriu bem no finalzinho e proporcionou uma linda vista.
Fica na Rua Pe. Anchieta, na cobertura do número 1.287.
Paraíso das Trutas
Vá preparado, não se trata de um restaurante. O Paraíso das Trutas também tem um restaurante, mas não é só isso. A reserva de 25 hectares, a 27 quilômetros de Curitiba e a mil metros de altitude, em meio à Mata Atlântica, é lugar para turismo ecológico.
Há por ali 22 nascentes, incluindo a do Rio Iguaçu, aquele que vai acabar nas Cataratas (juro que tentei encontrar, mas meu calçado inadequado não me permitiu chegar até ela). Comprado por um empresário gaúcho há 25 anos, o lugar é abrigo para animais silvestres e mantém um criatório de trutas — a água fria da região é perfeita para isso.
No cardápio do restaurante, super-rústico, há truta em várias versões e outros peixes, além do tradicional barreado e acompanhamentos.
Funciona para almoço aos sábados, domingos e feriados. Fica em Piraquara, a 27 quilômetros de Curitiba.
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Um parque como pode ser
Contei 16 parques no site da prefeitura de Curitiba. Porto Alegre tem oito. Isso sempre chama atenção quando visito a cidade: a quantidade de parques. E, mais, a forma como são cuidados. Esse da foto, o Tingui, tem pista de caminhada, lagos, pontes, mata nativa...e integra um projeto para implantar um parque em toda a extensão do Rio Barigui, unindo-o aos parques Tanguá e Barigui. Tem pouco mais de 20 anos como parque e, sim, é de dar inveja.
Jardins de Mel, uma boa ideia
É para divulgação e não exatamente para produção, mas achei ótima ideia o projeto Jardins de Mel, espalhado pela capital paranaense. Caixas de criação de abelhas foram colocadas em áreas verdes com espécies nativas sem ferrão, responsáveis pela polinização de cerca de 90% das plantas brasileiras. Nas caixas, com um código QR, usando o celular, é possível saber mais sobre abelhas.