
Uma foto publicada no Instagram pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), na segunda-feira (14), reforçou a percepção de que o governador Eduardo Leite está a caminho do partido comandado por Gilberto Kassab. Na semana anterior, já havia chamado atenção uma foto de Leite com o governador do Paraná, Ratinho Júnior, que também é do PSD. Leite definiu o dia 30 de abril como limite para uma definição partidária.
Diante da perda de musculatura do PSDB nas últimas eleições, o governador e outros líderes tucanos vêm negociando uma alternativa que poderia ser a fusão com outro partido ou a incorporação a uma sigla de mais futuro.
Até com o MDB os tucanos andaram flertando, mas concluíram que não havia sentido em voltar para o partido de onde saíram em 1985, descontentes com os rumos que a sigla ainda chamada de PMDB tomava. Fernando Henrique Cardoso, Mario Covas e Franco Montoro encabeçavam o Movimento de Unidade Progressista. Naquele ano, em Pelotas, nascia Eduardo Leite, hoje um dos dois únicos governadores do PSDB.
Nos últimos dias, tudo caminhava para uma fusão com o Podemos, partido comandado por Renata Abreu, que garantiu a Leite a preferência como candidato a presidente em 2024. Como o PSDB é dividido em grupos, a fusão esbarrou em divergências regionais. Leite foi mais uma vez procurado por Kassab, mas desse encontro nada vazou — até porque o pacto de silêncio envolve os principais líderes tucanos e o presidente do PSD é um craque da discrição, que age nos bastidores.
Leite foi ao Rio para conhecer em detalhes a operação do Museu do Amanhã, inspiração para o Museu do Futuro, que será montado no Instituto de Educação, e aproveitou para visitar o amigo Eduardo Paes entre um compromisso e outro (ele também gravou uma entrevista com Roberto D’Ávila para a Globo News). A foto com o prefeito seria apenas a foto de dois amigos que se visitam quando um está na cidade do outro. Não foi porque se sabe que Paes é um dos maiores entusiastas da possível ida de Leite para o PSD.
Em 2022, Kassab tentou levar Leite para o partido, depois que ele perdeu a prévia no PSDB para João Doria. O governador optou por seguir no PSDB, seu único partido até aqui. Chegou a assumir a presidência, mas não conseguiu a pretendida unidade. Agora, Leite está sendo pressionado pelo tempo. Não pode escolher um partido na última hora. A ideia era o PSDB resolver suas divergências internas em fevereiro e anunciar o destino em março. Em meio às incertezas, deixou para abril.
Leite quer chegar a 2026 como protagonista da eleição. Seu desejo confesso é ser candidato a presidente com um discurso contra a polarização, mas ele sabe que tudo depende de quem estará na disputa. Se o governador Tarcísio de Freitas for candidato, não haverá espaço para ele nos corações e mentes que não querem alinhamento com o presidente Lula nem com o ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje inelegível.
Como Tarcísio só será candidato com a bênção de Bolsonaro e precisará dessa certeza para renunciar no início de abril, o mais provável é que concorra à reeleição em São Paulo, com chances de se eleger no primeiro turno, pelas pesquisas de hoje.
Se o movimento de concorrer a presidente não der certo, Leite deverá ser candidato ao Senado, o que até pouco tempo ele descartava. Hoje, nas conversas internas, não descarta mais. Aos 40 anos, tem muitas eleições pela frente, mas sabe que quem não é visto não é lembrado. E para ser lembrado em 2030 precisará de um mandato ou o recall de uma campanha presidencial.