
Quem assistiu ao programa do PSDB na TV percebeu que Eduardo Leite falou como pré-candidato à Presidência da República. Por coincidência, o programa foi ao ar um dia depois de o presidente da Cotrijal, Nei Mânica, fazer elogios ao governador, na abertura da Expodireto, e dizer que ele poderá voltar à feira como presidente da República. No domingo, o governador já havia recebido o Troféu Reconstrução, das mãos de Manica.
Leite quer ser candidato a presidente, mas sabe que esse projeto depende de uma costura nacional, que passa pela reorganização partidária, e de um apoio de setores representativos do Rio Grande do Sul. Convém lembrar que a candidatura à reeleição, antes descartada por ele, nasceu de uma mobilização de líderes empresariais, que organizaram um jantar para formalizar o apelo.
Agora, aqui e ali, ouvem-se vozes em favor de uma candidatura a presidente com o argumento de que, pela primeira vez desde Getulio Vargas, o Rio Grande do Sul tem um candidato com potencial de disputar a Presidência, já que o cenário está bastante aberto com a queda de popularidade do presidente Lula, a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e a divisão da direita. Leite teria, na opinião dos defensores de sua candidatura, o apelo de ser um nome capaz de quebrar a polarização e de se apresentar como herdeiro dos governos de Fernando Henrique Cardoso.
Uma junção com o Solidariedade e o Podemos — que são partidos menores — teria a vantagem de não entrar numa sigla repleta de caciques, como seria o MDB, ou que tem um comandante que tudo decide, caso do PSD de Gilberto Kassab. As negociações estão avançadas, mas só devem ter um desfecho no final de abril ou início de maio.
Se Leite quer ser candidato e os três partidos estão de acordo, qual é o empecilho? O problema é a necessidade de renunciar daqui a um ano, faltando nove meses para terminar o mandato. Sendo ou não candidato, Leite trabalhará pela eleição do vice, Gabriel Souza, ao Piratini, convicto de que é o mais preparado para dar continuidade ao projeto sintetizado no Plano Rio Grande.