
Por trás do anúncio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, de que lançará sua pré-candidatura a presidente no dia 4 de abril, há uma estratégia de marketing inédita na política brasileira desde a redemocratização.
Já vimos artistas serem usados por candidatos ou escolherem espontaneamente seus lados para entrar em campanhas. Amigo de Gusttavo Lima, Caiado fez uma aposta diferente. Incentivou o sertanejo a se lançar na política e estimulou sua pré-candidatura ao Planalto, como se fosse um concorrente.
Agora, a estratégia é lançar os dois nomes com a ideia de que ali adiante um seja candidato a presidente e o outro a vice.
Caiado é do União Brasil. Gusttavo Lima ainda não se filiou, mas vem sendo assediado por líderes de diferentes siglas, desde que admitiu se aventurar na política.
O verbo é esse mesmo: aventurar. O moço é conhecido no Brasil inteiro como artista. Nunca administrou nada, o que não o impede de ser candidato, dada a tradição brasileira de eleger presidentes sem experiência administrativa.
Caiado, ao contrário, tem experiência de sobra, mas precisa de alguém como Gusttavo Lima para se tornar conhecido fora do Centro-Oeste e do agronegócio, setor em que transita com desenvoltura.
De todos os governadores avaliados na última pesquisa Quaest, é o mais popular. Tem 86% de aprovação — o segundo é Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, com 81%.
A dupla vai colar? Cedo para dizer, mas o cenário está aberto para desafiantes.
O presidente Lula, candidato natural do PT à reeleição, enfrenta uma fase de desgaste. Jair Bolsonaro (PL) está inelegível e corre o risco de ser condenado e preso até a eleição. Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) hesita entre a reeleição praticamente garantida em São Paulo e a eleição presidencial. Romeu Zema (Novo), governador de Minas, precisaria do apoio de um partido maior para deslanchar. Eduardo Leite, o governador gaúcho, nem partido tem. O PSDB está a caminho da extinção e tende a se fundir com o Podemos, um partido sem sal e sem açúcar, e com o inexpressivo Solidariedade.