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De um ministro encarregado de cuidar das relações institucionais espera-se que seja um diplomata. Que saiba ouvir e argumentar sem partir para a briga. Não é este o perfil da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), escolhida pelo presidente Lula para comandar a Secretaria de Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha, promovido a ministro da Saúde.
Gleisi é uma mulher briguenta, que nas redes sociais não tem freios. Ou não tinha até aqui, como presidente do PT. Pessoas com o seu perfil são necessárias na oposição, mas no governo ela terá de se reciclar, sob pena de se tornar uma bola de ferro amarrada ao pé de Lula. Por ser uma pessoa que no passado foi chamada de “esquentada”, a nova ministra é presa fácil de uma oposição que joga pesado e com frequência apela para golpes abaixo da cintura.
A função exige relacionamento com prefeitos e governadores de diferentes partidos. Lula tem essa habilidade, como mostrou na quinta-feira (27), ao lado do governador Tarcísio Gomes de Freitas, na assinatura do edital de licitação do túnel submerso que ligará Santos ao Guarujá. Gleisi terá de aprender sobre tolerância, diálogo e controle de ímpetos.
Com Gleisi na presidência, o PT conseguiu recolocar Lula na Presidência da República, mas amargou resultados desastrosos na eleição para governador, em 2022, e na municipal de 2024. O partido ignorou que a vitória de Lula foi garantida não só por eleitores que poderiam ser chamados de discípulos, mas por uma massa que simplesmente não queria mais quatro anos de Jair Bolsonaro.
Gleisi parece não ter entendido isso. Se chegar ao governo achando que “o inferno são os outros”, sem entender os motivos da queda de popularidade, ajudará a ampliar a crise de imagem.