A relação dos músicos da Ospa com o governo de Eduardo Leite desafinou de vez. Em protesto contra a falta de uma resposta concreta sobre o envio do projeto que reajusta a verba para compra e manutenção de instrumentos e para a aquisição de indumentária, os músicos ameaçam suspender os próximos concertos. A verba de R$ 1,2 mil por mês está congelada desde 2012.
Neste fim de semana, está previsto o espetáculo Pink Floyd Sinfônico, com ingressos já esgotados, mas o presidente da Associação dos Músicos da Ospa, Rafael Figueiredo, disse à coluna que o concerto poderá ser cancelado.
— Amanhã vamos nos reunir de novo para o ensaio e suspenderemos as apresentações se o governo não nos der uma estimativa de data para envio do projeto, encaminhado no final do ano passado, que retornou ao Piratini porque não houve tempo para a votação — avisa Rafael.
Na manhã desta quarta-feira (17), um grupo tocou em frente ao Palácio Piratini tentando chamar a atenção do governador, mas não conseguiu ser recebido pelo chefe da Casa Civil, Artur Lemos. O assessor que os recebeu disse que o governo está atento ao problema, mas não deu prazo para encaminhar o projeto. Garantiu apenas que, quando for, será em regime de urgência.
Na sexta-feira (19), às 10h30min, haverá novo "protesto sinfônico" com um concerto em frente ao Piratini, desta vez com mais músicos.
— O governador passou por nós e virou para o lado — reclama o presidente da Associação dos Músicos da Ospa.
Questionado pela coluna, o chefe da Casa Civil não prometeu uma data:
— Somos sensíveis e estamos atentos, dentro do contexto atual em que convivemos com as demandas e desafios de todas as áreas.
Lemos se refere principalmente ao projeto do IPE Saúde, cujas articulações para aprovação têm ocupado a maior parte do seu tempo.
A secretária da Cultura, Beatriz Araújo, tem se empenhado para resolver o problema, segundo os músicos, mas não tem poder para destravar o projeto.
Os músicos reclamam que o governo não prestigia a Ospa. E citam como prova dessa percepção o fato de que a fundação está sem presidente desde a saída de Luis Roberto Ponte, no segundo turno da campanha eleitoral de 2022. Ponte declarou apoio ao candidato Onyx Lorenzoni, adversário de Leite, foi criticado por integrantes do governo e, antes que fosse demitido, pediu demissão.
Desde outubro de 2022 a Ospa está com uma presidente interina.