As providências anunciadas nesta segunda-feira (23) pelo prefeito Sebastião Melo para não deixar na mão os porto-alegrenses que dependem da Carris são apenas paliativos diante da greve dos rodoviários, que não aceitam a privatização e o fim da exigência de cobradores. A origem da greve é de natureza corporativa, mas nem a privatização nem a eliminação dos cobradores resolvem o problema mais amplo, que é a falência do sistema de transporte coletivo na Capital.
Vendo que seriam atropelados pela prefeitura, que editou decreto prevendo a requisição de serviços privados, os rodoviários recuaram e decidiram voltar ao trabalho. Perceberam que insistir na greve seria mostrar que a cidade pode viver sem a Carris que eles defendem com unhas e dentes.
Medidas paliativas podem garantir uma sobrevida ao sistema claudicante, mas desde os protestos de 2013, que começaram contra o aumento da passagem e descambaram para reivindicações difusas, prefeitos alertam que é preciso buscar soluções estruturais.
Melo pode vender a Carris, cortar todas as isenções possíveis e imagináveis e acabar com a exigência de cobradores amanhã (e não só em 2026, como está no projeto) que ainda assim a equação não estará resolvida. A disparada dos preços dos insumos, combinada com a redução do volume de passageiros e a concorrência do transporte por aplicativos exigem outro tipo de intervenção.
Desde 2013 se ouve que a solução é reduzir impostos e taxas incidentes sobre os insumos, o que implica renúncia fiscal pelos governos estadual e federal, mas nada se faz e cada cidade busca soluções a sua maneira.
Em Porto Alegre, depois de tentar sem sucesso ajuda externa, o ex-prefeito Nelson Marchezan apresentou um pacote de medidas que não dependiam do governo federal nem do estadual. A Câmara rechaçou o conjunto, embora os mesmos partidos que foram contra estejam prestes a aprovar algumas delas.
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