No discurso oficial, o apresentador Luciano Huck nunca foi candidato a nada e, portanto, não está desistindo da disputa presidencial, como disse na Conversa com Bial, canal escolhido para anunciar a renovação do contrato com a Globo e confirmar que será o substituto de Faustão nas tardes de domingo. Na prática, Huck era, sim, uma das opções do centro para o papel de candidato da terceira via e aparecia nas pesquisas de segundo turno com desempenho razoável, dado que não tem partido e nunca disse com todas as letras que iria concorrer.
O problema de Huck era o mesmo dos demais pretendentes que tentam quebrar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula: falta de votos para chegar ao segundo turno. Na última pesquisa XP/Ipespe, o apresentador do Caldeirão tinha 4% no primeiro turno, mas nas simulações de segundo turno com Bolsonaro ficava tecnicamente empatado, 34% das intenções de voto, contra 37% do presidente, dois pontos a mais do que o ex-juiz Sergio Moro (32% a 32% no confronto com o antigo chefe) e um ponto a mais do que João Doria, com todo o peso de ser ex-prefeito e governador de São Paulo.
Huck pode não ter assumido a candidatura, mas era um dos articuladores da frente chamada de centro democrático. Teve almoços, jantares, encontros pessoais e virtuais e frequentes conversas por telefone com o governador Eduardo Leite, de quem é amigo. Os dois integram o grupo que no dia 31 de março divulgou um manifesto em favor da democracia, assinado também por Doria, pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, pelo pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, e pelo ex-candidato do Novo, João Amoêdo.
Na semana passada, Amoêdo anunciou que estava desistindo da disputa. Dos seis, restam quatro. O candidato do PSDB será escolhido em prévia no dia 21 de novembro. Ciro não admite abrir mão em favor de outro candidato e, por enquanto, os tucanos resistem em apoiá-lo, por divergências em torno do programa que cada um defende para o Brasil.
A saída de Huck do páreo começou a se desenhar quando o ministro Edson Fachin, do Suremo Tribunal Federal, liberou Lula para concorrer. A ideia de conquistar os votos do Nordeste, onde é conhecido, esbarrou na popularidade de Lula na região. Para completar, o apresentador recebeu uma proposta irrecusável da Globo e renovou o contrato que venceria em 30 de junho.
Esta é a segunda vez que Huck, incentivador da renovação na política, ensaia uma candidatura e recua. Em 2018, ele também era cotado para encarnar o papel de terceira via, deixou as especulações correrem e se retirou. A eleição teve 13 candidatos, os votos do centro se dividiram e o final da história é conhecido: Bolsonaro e Fernando Haddad (PT) foram para o segundo turno e o antipetismo venceu a eleição.
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