A coluna convidou a vereadora Karen Santos (PSOL), mais votada de Porto Alegre na eleição do último dia 15, para ajudar na reflexão sobre o episódio que resultou na morte de um homem negro no supermercado Carrefour do bairro Passo D'Areia, na quinta-feira (19) à noite.
Justiça para João Alberto
"Novembro é um mês de luta e mobilização do povo negro. Este ano não teremos a Marcha Zumbi Dandara, em decorrência da pandemia, mas o mês será um marco na história da cidade que elegeu cinco vereadores negros em 15 de novembro.
A escravização do povo negro e a interdição do povo nas grandes decisões políticas produziram um país profundamente segregado.
Nosso abismo social, a desigualdade, o latifúndio, a violência de Estado, os superricos e os muito pobres, têm uma raiz muito profunda. Esses problemas jamais foram resolvidos e seguem sendo aprofundados: reforma trabalhista, reforma da previdência, teto dos gastos, agronegócio, rentismo, etc.
A desigualdade e a segregação se expressam nas condições de moradia, trabalho, renda, utilização de políticas pública, e também, de raça e gênero.
Na noite de 19 de novembro, véspera do Dia da Consciência Negra, assassinaram João Alberto, um homem negro, espancado até a morte por seguranças do Carrefour, na Zona Norte de Porto Alegre.
Esta morte não foi uma morte comum e precisa ser tipificada, pois foi motivada pelo racismo institucional que existe na nossa cidade e no nosso país.
Pessoas negras compõem 75% das vítimas de homicídio no Brasil. A violência e a exploração contra nossos corpos é uma constante desde a escravização e perdura das formas mais bárbaras até hoje.
Nosso papel, enquanto povo, é ser sujeito da nossa história, organizar nas nossas comunidades, denunciar a violência cotidiana e lutar por nossos direitos, para que, no futuro, uma verdadeira revolução aconteça e um novo projeto de sociedade seja construído."