A jornalista Juliana Bublitz colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
As restrições provocadas pela pandemia do coronavírus, que paralisaram setores e levaram parte dos servidores públicos ao teletrabalho em 2020, resultaram em economia, para o Estado, de ao menos 20,1% nos gastos com energia elétrica, diárias e passagens aéreas.
Levantados pela Secretaria Estadual da Fazenda a pedido da coluna, os dados são preliminares e envolvem os primeiros oito meses de 2020, em comparação com o mesmo intervalo de 2019. Portanto, incluem registros de janeiro e fevereiro, quando a crise sanitária era algo distante e ainda não havia medidas drásticas em vigor. Mesmo assim, os números servem de indicativo do impacto da covid-19 nesses três itens do orçamento, em especial a partir de 19 de março, quando o governador Eduardo Leite decretou situação de calamidade no Rio Grande do Sul.
Em diárias, o decréscimo atingiu a marca de 28,6%, praticamente o mesmo índice de queda detectado nos dispêndios com viagens de avião (-28,5%). Já em conta de luz, a contração foi menor, de 15,5% — vale lembrar que presídios, por exemplo, seguiram funcionando.
Na prática, esses percentuais representaram redução de R$ 32,5 milhões aos cofres públicos (veja os detalhes no gráfico abaixo). A cifra envolve todos os poderes e órgãos do Estado e faz parte de uma categoria mais ampla, que a Fazenda define como “custeio contingenciável” (parte das despesas não pode ser cortada, pois tem destino obrigatório, como a aplicação em saúde).
Somando tudo o que entra no bolo passível de corte, de material de limpeza a gastos com papel, a redução chegou a R$ 74 milhões. Ainda que a cifra seja milionária, é relativamente pequena diante da crise nas finanças do Estado, que fechou agosto com R$ 753 milhões no vermelho.
ALIÁS
Se foi possível ao Estado economizar em diárias, passagens e luz, o mesmo não se repetiu com a telefonia. Devido às limitações de deslocamento em razão da covid-19, o custo das ligações cresceu 55,4% (cerca de R$ 8 milhões) entre janeiro e agosto.
Já o volume de recursos aplicados em investimentos pelo Estado caiu 22,6% (R$ 62 milhões) nos primeiros oito meses do ano, na comparação com igual período de 2019. Não há perspectiva de melhora no curto prazo.