Transmitida ao vivo pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa Luis Augusto Lara (PTB), a videoconferência do governador Eduardo Leite com os deputados estaduais revelou projeções ainda mais alarmantes que as publicadas pela Secretaria da Fazenda com base nas notas fiscais eletrônicas. Os cenários já haviam sido apresentados na véspera aos chefes dos outros poderes e órgãos autônomos, mas não chegaram a se tornar públicos.
As simulações foram feitas a partir da previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, dependendo do tempo de paralisação da economia como consequência da crise do coronavírus.
No cenário mais pessimista, o de a paralisação da atividade econômica se prolongar por cinco meses, a projeção é de uma queda de 9% no PIB. Por que cinco meses? Porque em sucessivas entrevistas o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, admitiu que a covid-19 poderá seguir em espiral ascendente em abril e maio, começar a cair em junho e se estabilizar lá por julho ou agosto.
Nesse cenário de fim de mundo, a perda de arrecadação pode chegar a R$ 5 bilhões no ano, uma queda real de 14% em comparação com 2019. O déficit orçamentário chegaria a R$ 5,6 bilhões, sem contar a dívida com a União, que o Estado não paga porque tem liminar do Supremo Tribunal Federal.
Em um cenário otimista, de paralisação parcial da atividade econômica por três meses (de abril a junho), a previsão é de queda de 2% do PIB. Nesse caso, o déficit que na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020 foi estimado em R$ 1,8 bilhão (excluindo-se a dívida) pularia para R$ 3,2 bilhões.
O cenário intermediário, de paralisação econômica de quatro meses (abril a julho), indica uma queda de 5% no PIB e projeta déficit de R$ 4,3 bilhões.
Os estudos das secretarias da Fazenda e do Planejamento mostram que os reflexos dos estragos provocados pelo coronavírus na economia se estenderão pelos próximos anos nas contas públicas. Para 2021, a previsão é de um déficit de R$ 3,2 bilhões a R$ 3,7 bilhões. Para 2022, o rombo pode ficar entre R$ 2,6 bilhões a R$ 3,1 bilhões.