Ao acatar a sugestão de antecipar para esta terça-feira (7) a reunião de seus secretários com o Cpers, marcada para o dia 10, o governador Eduardo Leite deu uma demonstração de sensibilidade diante de uma crise em que o maior prejudicado é o aluno das escolas que ainda permanecem em greve. A decisão foi tomada pouco antes de o conselheiro Cezar Miola, do Tribunal de Contas do Estado, dar 72 horas para a Secretaria da Educação apresentar um plano de ação para a recuperação das aulas perdidas durante a greve dos professores.
O calendário já existe, mas, na prática, é inócuo, porque não houve acordo com o Cpers e parte das escolas continua sem aulas. Outras retomaram o trabalho para não atrapalhar as férias ou para não prejudicar as crianças. Para encerrar formalmente a greve, os professores querem do governo a garantia de que receberão o salário referente aos dias em que tiveram o ponto cortado.
A reunião não será com o governador, mas com o secretário da Educação, Faisal Karam, o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, e o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa.
Antes de tomar a decisão sobre uma eventual proposta ao Cpers, Leite deverá discutir o tema com os deputados da base aliada, na quarta-feira (8). Antes de se reunir com o líder do governo, Frederico Antunes, para tratar dos projetos que serão votados na convocação extraordinária, os deputados da base irão ao Palácio Piratini para um chimarrão com o governador.
— É importante que a base seja protagonista das decisões do governo. O tema da recuperação das aulas é importante para os alunos e também para as famílias — opina Frederico.
Na conversa com os deputados, Leite e seu líder deverão propor um debate sobre o impasse que envolve o aumento do piso do magistério em 12,84%. A se confirmar esse índice, o governo terá de refazer a tabela do plano de carreira, sob pena de sofrer uma derrota se insistir em votar um projeto que já nasce com defasagem. O piso de R$ 2.886,15 é superior ao valor previsto para 12 dos 36 níveis do novo plano de carreira.
A convocação extraordinária deve ocorrer de 27 a 31 de janeiro. Pela lógica, as votações começarão pela proposta de emenda constitucional, que precisa ser aprovada em dois turnos, com intervalo de três sessões entre uma votação e outra.