Sob comando de Ricardo Vélez Rodríguez, a confusão no Ministério da Educação era tanta que a esperança está no que se convencionou chamar de Lei Tiririca: pior do que está não fica. Vélez foi demitido porque mostrou incapacidade absoluta de gestão. Seu substituto, o economista Abraham Weintraub, 48 anos, seria candidato natural a ministro da Previdência, se a pasta não tivesse sido extinta.
Previdência é a especialidade dele e do irmão Arthur, assessor da Presidência da República. Na Educação, a indicação provocou surpresa. Weintraub saiu do posto de número do 2 na Casa Civil para a cadeira de ministro da Educação. Ponto para Onyx Lorenzoni, seu padrinho, que mostrou estar mais forte do que imaginavam os adversários internos.
Professor universitário, homem de exatas e conhecedor da situação fiscal do país, Weintraub entra com a missão de colocar ordem no caos gerencial deixado por Vélez, mas a orientação política será a mesma: caçar comunistas instalados na estrutura do MEC e combater o marxismo cultural supostamente entranhado nas escolas. Weintraub também reza pela cartilha do guru Olavo de Carvalho. Em dezembro, na Cúpula Conservadora das Américas, em Foz do Iguaçu, afirmou:
– Quando ele (um comunista) chegar para você com o papo ‘nhoim nhoim’, xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, Weintraub diz:
_ Os comunistas são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras. Eles são os donos dos jornais. Eles são os donos das grandes empresas. Eles são os donos dos monopólios. Os monopolistas apoiaram Lula. Os monopolistas estavam dando dinheiro para o Haddad. A gente não conseguiu ter um apoio de qualquer grande instituição durante a campanha. E qual foi a sacada? Desintermediar. Houve uma comunicação do Jair Bolsonaro da campanha diretamente com o povo, pelas mídias sociais.
O diagnóstico de que o MEC é um antro da esquerda foi feito ainda na transição, a partir de informações repassadas por interlocutores do governo Michel Temer. Em relação às universidades, a opinião é a mesma, corroborada pela resistência à candidatura de Bolsonaro entre professores e alunos. A tensão está no ar.
Pelo pouco que se conhece das ideias de Weintraub para a educação, pode-se esperar uma devassa nas universidades e um corte radical nas bolsas de pós-graduação. Vélez enredou-se no cipoal do MEC e não conseguiu avançar na guerra santa contra o alegado perigo comunista. A Fundação Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) será uma das primeiras a entrar na mira do novo ministro.