A percepção de que a eleição de domingo virou uma disputa ente o PT e sua antítese está materializada nos números da última pesquisa do Ibope, que apontam a ampliação da vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) sobre o petista Fernando Haddad. Em uma semana, Bolsonaro cresceu quatro pontos percentuais. Passou de 27% para 31%, enquanto Haddad manteve os 21%. Os demais patinam numa espécie de limbo, com risco de abandono pelos eleitores que, na briga entre Bolsonaro e Haddad, podem aderir ao chamado voto útil, antecipando o segundo turno.
Marina é a principal vítima desse processo. Ela, que já teve 12% nessa série, está com 4%. na semana passada tinha 6%. Ciro Gome, que começou à frente de Haddad, caiu de 12% para 11%. Mesmo sendo uma variação dentro da margem de erro, é um resultado negativo para o candidato que, nas simulações de segundo turno, obtém os melhores índices.
A polarização se expressa com clareza em outros dois dados: Bolsonaro segue como o mais rejeitado, com 44%, mas Haddad não fica longe: foi de 17% para 38%. Na simulação de segundo turno, os dois estão empatados em 42% a 42%.
O único dos candidatos que derrotaria Bolsonaro hoje é Ciro, com placar de 45% a 39%. Em um segundo turno entre Alckmin e Bolsonaro, o placar seria de 42% a 39% em favor do tucano, o que se caracteriza como empate técnico. Marina perderia para o candidato do PSL por 43% a 38%.
A pesquisa foi realizada em dois dias agitados da campanha: sábado, quando em dezenas de cidades mulheres saíram as ruas para declarar voto contra Bolsonaro, no movimento batizado de #EleNão, e domingo, quando os partidários do capitão reformado promoveram manifestações a seu favor .
A pesquisa não captou os efeitos da divulgação da delação do ex-ministro Antônio Palocci, que tem potencial para atingir a candidatura de Haddad.