
Os números da mais recente pesquisa Ibope escancaram a divisão do Brasil entre a direita e a esquerda, em um cenário que indica segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL), que manteve a liderança e cresceu dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, e Fernando Haddad (PT), que ganhou 11 pontos em uma semana e se isolou em segundo lugar. Bolsonaro tem 28% e Haddad, 19%.
Bolsonaro e Haddad foram os únicos que oscilaram positivamente entre uma pesquisa e outra. Ciro Gomes (PDT) manteve os 11% da semana anterior. Marina Silva (Rede) continuou no processo de desidratação e hoje tem metade das intenções de voto que tinha no início de agosto (caiu de 12% para 6%).
Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou dentro da margem de erro (de 9% para 7%), mas a curva descendente é fatal para um candidato que apostou todas as fichas no horário eleitoral. O latifúndio no rádio e na TV, garantido pelo apoio dos partidos do centrão, não foi suficiente para compensar a falta de carisma. A pesquisa indica que os eleitores estão rejeitando o discurso moderado.
As simulações de segundo turno deixam ainda mais claro esse cenário de divisão do país. No confronto direto entre Bolsonaro e Haddad, o placar é de 40% a 40%. Ciro Gomes é o único que fica numericamente à frente de Bolsonaro, mas o índice de 40% a 39% é considerado empate técnico. Com Geraldo Alckmin, o resultado é 38% a 38%. Bolsonaro ganharia de Marina por 41% a 36%.
Com essas projeções, não será surpresa se nas próximas pesquisas os candidatos do pelotão intermediário e os que estão na ponta de baixo da tabela perderem ainda mais musculatura. Em um cenário de radicalização, as pesquisas acabam estimulando o "voto útil", com o abandono dos que têm chances remotas de chegar ao segundo turno.
Os 11 pontos conquistados por Haddad em uma semana indicam que a estratégia desenhada pelo ex-presidente Lula na cadeia foi correta: ao retardar o anúncio da candidatura do ex-prefeito de São Paulo, poupou-o da exposição aos ataques dos adversários. No quesito rejeição, Haddad tem 29% e Bolsonaro, 42%.
Pelo Ibope, ainda há uma fatia de 21% do eleitorado que pode ser conquistada pelos candidatos. São os 7% que se declaram indecisos e os 14% que pensam em votar nulo ou em branco.