Há poucas novidades na pesquisa do Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14), a primeira que capta os efeitos de dois episódios cruciais para a eleição: a facada em Jair Bolsonaro e a oficialização da candidatura de Fernando Haddad em substituição ao ex-presidente Lula.
Respeitada a margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos, os dados são semelhantes aos do Ibope, revelados na terça-feira (11). Comparado a ele mesmo, o Datafolha traz apenas uma mudança significativa: a subida de Haddad de 9% para 13%, empatando com Ciro Gomes.
Na comparação com o último levantamento do Ibope, todos os movimentos, à exceção do crescimento de Haddad, se deram dentro da margem de erro. O derretimento de Marina já tinha aparecido nas pesquisas anteriores e é, em boa medida, fruto do crescimento de Haddad.
Bolsonaro, por exemplo, já aparecia com 26%. Sua rejeição, que no Ibope caíra para 41%, no Datafolha se mantém em 44%, um indicador de que o teto do candidato do PSL é mais baixo do que o dos demais candidatos.
Uma curiosidade é a resposta à pergunta específica sobre o atentado sofrido por Bolsonaro. Embora 96% tenham tomado conhecimento da facada, somente 2% mudaram o voto em decorrência do episódio. Traduzindo, a superexposição nos veículos de comunicação não teve o impacto que os seguidores de Bolsonaro imaginavam, apesar de 72% dos eleitores terem dito que se comoveram com o atentado.
É nos cenários de segundo turno que estão os dados mais curiosos, com uma série de empates técnicos. O Datafolha mostra que o candidato com mais chances de derrotar o PT é Ciro Gomes, que num confronto com Haddad ganharia por 45% a 27%. O dado revela que, na centro-esquerda, quem leva a melhor é o ex-governador. Em uma eventual disputa entre Bolsonaro e Haddad, a pesquisa mostra um empate técnico de 41% para o candidato do PSL e 40% para o petista. Ciro é quem venceria Bolsonaro com maior facilidade (45% a 38%). Numa final entre Alckmin e Bolsonaro, o tucano leva a melhor, mas a vantagem de 41% a 37% deve ser interpretado como empate técnico no limite da margem de erro.
Qualquer especulação que se faça sobre a migração de votos a partir do apoio de caciques no segundo turno carece de sentido. Os eleitores, cada vez mais, rejeitam os partidos e votam em pessoas. Com exceção de Lula, que, mesmo preso em Curitiba está mostrando capacidade de transferir votos para Haddad, nenhum outro líder tem cacife para dizer em quem seu eleitor deve votar.
O segundo turno é uma nova eleição. Os dois candidatos que se classificarem vão para a campanha com o mesmo tempo no rádio e na TV. Serão apenas três semanas entre um turno e outro para conquistar os eleitores que votaram em outros candidatos e, principalmente, demover os desencantados que pensam em votar nulo ou branco.