
A confirmação de que que Michel Temer não será candidato a presidente é uma formalidade desnecessária. Ninguém levava a sério a candidatura de um presidente com tamanha rejeição, que escapou de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República e convive com a ameaça de uma terceira. Também não é surpresa a confirmação de Henrique Meirelles como pré-candidato.
O ex-ministro da Fazenda pode ser um homem sem carisma e sem intimidade com os ritos da urna, mas é o que de melhor o MDB tem para oferecer neste momento em que é preciso ocupar espaço para não dar a ideia de que entregou o jogo antes de começar o primeiro tempo.
Um a um, os caciques do MDB foram desabando com a Lava-Jato. Meirelles não foi alvo de nenhuma denúncia. Na campanha – se chegar até lá – não escapará de explicar sua passagem pelo Conselho de Administração da J&F, guarda-chuva que abriga a JBS e outras empresas da família de Joesley Batista.
A seu favor pesam os bons resultados no comando da economia, ainda que esses dados positivos tenham sido ofuscados pelos problemas dos últimos dias, como a disparada do dólar e o aumento dos combustíveis.
Meirelles nem era do partido. Filiou-se pouco antes do prazo derradeiro para cumprir as exigências legislação eleitoral, mas sua trajetória partidária é errática. Eleito deputado federal pelo PSDB de Goiás, em 2002, renunciou ao mandato antes de assumir para ser o presidente do Banco Central no governo Lula. Ficou sem partido até 2010, quando filiou-se ao PMDB. Um ano depois foi para o PSD. Como o partido desprezou sua pretensão de concorrer a presidente, voltou para o agora MDB em abril deste ano.
A lógica na qual se sustenta a candidatura de Meirelles é a mesma de outros candidatos que aparecem mal nas pesquisas: o quadro é tão incerto que vale a pena pagar para ver. No caso de Meirelles, é pagar mesmo. Ele é rico o suficiente para bancar a própria campanha. Se não for eleito, nada perde.
Há, ainda, a possibilidade de ser vice de outro candidato. Até 5 de agosto, data final das convenções, o número de candidatos deverá encolher, para evitar que a pulverização do centro coloque no segundo turno o deputado Jair Bolsonaro (PSL) e um nome mais à esquerda.