
Poucas vezes se viu coisa igual: o governo e a oposição cantaram vitória depois do encerramento da sessão em que a Assembleia discutiu, mas não votou, o projeto que autoriza a adesão do Rio Grande do Sul ao regime de recuperação fiscal.
A oposição fez festa na Praça da Matriz porque conseguiu adiar a votação, gastando as quatro horas de sessão com discursos contra o projeto. Como o governo não queria deixar as críticas sem resposta, disputou o tempo e marcou posição em defesa da proposta.
Os dois têm motivo para comemorar. Os opositores, porque ganham tempo para tentar reverter votos favoráveis ao governo. Para isso contam com a desmobilização típica do período de férias e com a pressão das bases sobre os deputados menos convictos.
O governo comemora porque acredita ter mostrado que, mesmo com os deputados Sergio Turra (PP) e Maurício Dziedricki (PTB) viajando, tem os 28 votos necessários. Essa convicção vem de um teste feito no plenário: nas seis vezes em que a oposição tentou encerrar a sessão com um pedido de verificação de quórum, exatos 28 deputados deram presença e a sessão prosseguiu. Entre esses 28 estavam os deputados que os adversários do governo imaginavam carregar para o outro lado da força: Silvana Covatti (PP), Adolfo Brito (PP), Bombeiro Bianchini (PPL) e Edu Olivera (PSD).
– Tivemos uma vitória política, porque conseguimos mostrar que temos os 28 votos – comemorou o secretário de Comunicação, Cleber Benvegnú, que foi para a Assembleia reforçar a articulação comandada pelo chefe da Casa Civil, Fábio Branco, e pelo líder do governo, Gabriel Souza. Os secretários Giovani Feltes, Cezar Schirmer, Carlos Búrigo e Victor Hugo, mais o procurador-geral do Estado, Euzebio Ruschel, participaram da caça ao voto no Legislativo.
Respaldado por empresários que deram apoio ao projeto, mesmo sabendo que um dos compromissos do Estado é renovar o aumento do ICMS, que expira em 2018, o governador José Ivo Sartori usou as redes sociais para defender a adesão ao regime de recuperação fiscal. A estratégia de comunicação do governo incluiu o envio de mensagens de áudio para emissoras de rádio do Interior.
A data da convocação extraordinária para votação desse e de outros projetos será definida na terça-feira, mas o mais provável é que seja de 29 a 31 de janeiro.
Aliás
Para aderir ao regime recuperação fiscal, o Estado terá de desistir, em 60 dias, de todas as ações judiciais que questionam a dívida com a União. Desse ponto a Secretaria do Tesouro Nacional não abre mão, até porque está na lei que criou programa.