Se hoje o Rio Grande do Sul vive essa crise que não para de se aprofundar é porque teve governos irresponsáveis e oposições equivocadas. A ideia do "quanto pior, melhor", que costuma pautar a oposição interessada em desgastar o governo da hora para mais facilmente chegar ao poder, esgotou-se. Quanto pior, pior para todo mundo, inclusive para quem vencer a eleição seguinte, se encontrar um Estado cada vez mais encalacrado.
A oposição ao governo Tarso Genro, que hoje está no poder, vive a falar da herança maldita e a reclamar que o governo do PT foi irresponsável e populista. Que deu aumentos salariais sem se preocupar em como seriam pagos e que deixou a conta para o sucessor. A verdade é que os governadores propõem, mas quem aprova é a Assembleia. E os governistas de hoje votaram a favor desses projetos. A crítica que faziam era de que os reajustes eram baixos e que os servidores mereciam mais.
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A votação do pacote encaminhado pelo governador José Ivo Sartori, prevista para a segunda-feira, vai novamente expor o eterno embate entre governo e oposição, com a apresentação de fórmulas mágicas pelos adversários do Piratini. De novo, os deputados farão discursos contra as medidas dizendo que a crise é produto da incompetência do governo e vendendo a ilusão de que, se estivessem no Piratini, teriam outras soluções. E que soluções são essas? Combate à sonegação e corte de isenções fiscais.
Se é assim tão fácil, por que o governo Tarso não fez? Ora, porque não é simples como parece quando a caneta está em outras mãos. A dívida ativa foi se acumulando ao longo de décadas – e todos os grandes partidos já governaram sem conseguir resolver o problema. Tarso concedeu incentivos fiscais porque na sua concepção o enfrentamento da crise deveria ser feito pelo crescimento da economia. Para isso, era preciso entrar na guerra fiscal, como outros governadores antes dele fizeram, sob pena de perder empresas.
A votação do pacote deveria ser feita por essa ótica: quem vencer a próxima eleição governará melhor se encontrar as finanças saneadas. Desgastado como está, Sartori não é adversário em 2018. Logo, ao PDT, que almeja chegar ao Piratini com Jairo Jorge, interessa que Sartori arque com o ônus das medidas para entregar o Estado um pouco mais governável do que é hoje.
Política
Quanto pior, pior para todo mundo
Votação do pacote de Sartori vai expor mais uma vez o eterno embate entre governo e oposição
Rosane de Oliveira
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