O arquivo é o provável destino do pedido de impeachment do governador José Ivo Sartori, protocolado nesta segunda-feira na Assembleia Legislativa pela presidente do Cpers, Helenir Schürer. Embora o Congresso tenha inaugurado com a presidente Dilma Rousseff a modalidade "impeachment pelo conjunto da obra", o clima na Assembleia em nada se assemelha ao que permitiu o avanço do processo contra Dilma. Aliada de Sartori, a presidente Silvana Covatti (PP) não tem vocação para Eduardo Cunha.
Os baixos índices de popularidade de Sartori, o atraso nos salários e o não cumprimento da lei do piso não são suficientes para Silvana acatar o pedido do Cpers. Mesmo não se configurando o crime de responsabilidade, a presidente foi polida. Ouviu os argumentos do Cpers, garantiu que o pedido será analisado com respeito e encaminhou o documento à Procuradoria da Assembleia.
– Entendemos a seriedade deste pedido e o analisaremos com a devida atenção e profunda responsabilidade – disse a deputada, que, na origem, é professora.
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O movimento do Cpers é político. Depois de uma greve fracassada, que paralisou parte das escolas por 53 dias sem conseguir avanços significativos, o sindicato busca outra forma de chamar atenção para a situação dos professores que, mais uma vez, terão os salários parcelados e não vislumbram qualquer possibilidade de receber o 13º salário em dia neste ano.
Nesta segunda-feira, em entrevista ao Jornal do Almoço, da RBS TV, Sartori lembrou que, quando era candidato, recusou-se a assinar um documento elaborado pelo Cpers, em que os candidatos se comprometiam a pagar o piso do magistério até o final do mandato:
– Não assinei o documento porque sabia que não teria como cumprir.
Na história recente do Rio Grande do Sul, dezenas de pedidos de impeachment de governadores foram protocolados no Legislativo e arquivados pelo presidente da Assembleia. Olívio Dutra (PT) foi alvo de um pedido no primeiro ano de governo, movido pelo advogado Paulo Couto e Silva. A causa, o rompimento do contrato com a Ford, não se enquadrava nos critérios para afastamento de um governador, mas, para desgastá-lo, a oposição "cozinhou" o processo por mais de dois anos.
O único pedido acatado por um presidente foi contra Yeda Crusius (PSDB), em julho de 2009, à época em que Ivar Pavan (PT) comandava a Assembleia e o partido vivia em pé de guerra com a governadora. Em outubro, o pedido foi rejeitado com a aprovação do relatório da deputada tucana Zilá Breitenbach, por 30 votos a 17.